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Fabricante de vasos sanitários quer mudar hábito chinês

Hábito cultural de usar o banheiro "de cócoras" acabou no Japão a partir do fim da década de 1970; agora, empresa aposta em mudança também na China


	Homem usando o vaso sanitário: hábito é mais comum em apartamentos na China, mas espaços públicos ainda usam versão de cócoras.
 (Tomwang112/Thinkstock)

Homem usando o vaso sanitário: hábito é mais comum em apartamentos na China, mas espaços públicos ainda usam versão de cócoras. (Tomwang112/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2016 às 20h57.

Quase todos os japoneses passaram a usar os sanitários sentados a partir de 1977, quando esses vasos substituíram as versões usadas de cócoras. Para o crescimento futuro, a maior fabricante de sanitários do Japão, Toto, está de olho na China.

“É como no Japão da minha infância, muita gente não tinha casas e os apartamentos eram pequenos”, disse o presidente Madoka Kitamura, 58, em uma entrevista no principal showroom da Toto em Tóquio. 

“Acho que a China seguirá os passos dos países desenvolvidos, porque deve ocorrer uma expansão do mercado habitacional à medida que a economia deixar de ser impulsionada principalmente pela exportação”.

A Toto, que fabrica vasos de porcelana com assentos no Japão desde 1917, está se interessando pela China porque as vendas no Japão estão estagnadas devido à redução populacional. 

A empresa com sede em Kitakyushu, no Japão, lançou seu primeiro “Washlet” em 1980 – um vaso sanitário que tem assento aquecido e um bidê controlado eletronicamente.

Atualmente, a empresa extrai três quartos de suas vendas do mercado doméstico, onde cerca de 70 por cento das casas já têm um sanitário eletrônico, de acordo com Kitamura. 

Os produtos da Toto dominam aproximadamente 60 por cento do mercado japonês de artigos sanitários, como vasos e torneiras, e a marca Inax, da Lixil Group Corp., vem em segundo lugar com 30 por cento do mercado, de acordo com Hiroki Kawashima, analista de acessórios para casas e construções da SMBC Nikko Securities Inc.

A empresa visa a elevar as vendas para 650 bilhões de ienes (US$ 5,7 bilhões) no ano fiscal que terminará em março de 2018, cerca de um quinto a mais do que no ano fiscal anterior e mais do que a média das estimativas feitas por oito analistas e compiladas pela Bloomberg, de 605,5 bilhões de ienes. A ação chegou a cair 2,1 por cento, para 3.425 ienes, no trading em Tóquio e o Topix Index recuou 1,5 por cento.

Hábitos culturais

Não há estatísticas claras sobre a prevalência dos sanitários de sentar na China, de acordo com Kitamura, que entrou na Toto em 1981 e foi subindo na hierarquia até se tornar presidente da empresa em 2014.

Há também a questão do hábito. A maioria dos chineses “está acostumada a se agachar” nos banheiros e para que os vasos de sentar se tornem mais populares é necessário que a cultura sanitária do país mude, acabando com o hábito de ficar de cócoras nos assentos sanitários, de acordo com uma coluna anônima publicada no site da agência oficial de notícias Xinhua no ano passado.

Embora os vasos de sentar sejam comuns nos edifícios de apartamento modernos, muitos shoppings e banheiros públicos do país continuam usando as versões de agachar. 

É frequente que casas e restaurantes da zona rural tenham apenas uma simples latrina de fossa a céu aberto.

Experimentar

Mesmo assim, Kitamura espera que as vendas unitárias do Washlet da Toto aumentem 50 por cento na China neste ano fiscal que termina em março de 2016, porque os chineses que viajam para o Japão estão conhecendo melhor o produto. 

Um recorde de 5 milhões de turistas chineses visitou o Japão no ano passado e os assentos sanitários aquecidos foram um dos produtos isentos de impostos que eles mais levaram para casa. Algumas versões padrão do Washlet da Toto custam 80.000 ienes no Japão e os modelos de alta gama custam 170.000 ienes.

Um desafio que a Toto enfrenta ao promover os assentos eletrônicos é que a maioria das pessoas só compra depois de ter experimentado, mas elas não têm muitas oportunidades para testar o produto, de acordo com Kitamura.

A empresa encontrou formas criativas de estimular as pessoas a usarem esses assentos-bidê fora do Japão, como instalá-los em aviões.

“Quero que as pessoas possam usar os nossos produtos primeiro, você precisa experimentar para saber como é”, disse Kitamura.

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