Fórum para a Democracia, liderado pelo ultradireitista e eurofóbico Thierry Baudet, tem agora a maioria no Senado na Holanda (AFP/Reprodução)
EFE
Publicado em 21 de março de 2019 às 09h00.
Haia - O Fórum para a Democracia (FvD), liderado pelo ultradireitista e eurofóbico Thierry Baudet, tem agora a maioria no Senado na Holanda, em detrimento do partido do primeiro-ministro, Mark Rutte, segundo os resultados divulgados nesta quinta-feira das eleições provinciais no país, a apenas dois meses das europeias.
Com 93% dos votos apurados, a coalizão do Governo holandês - formada pelos liberais VVD, Chamada Democrata-Cristã (CDA), Democratas 66 e União Cristã - perdeu a maioria porque soma apenas 31 das 75 cadeiras do Senado, que tem a última palavra para a aprovação das leis na Holanda.
É a primeira vez desde as reformas políticas de 1917 que um partido recém fundado como o FvD (2016) se torna maior que as três tendências estabelecidas: confessional, liberal e social-democrata.
Embora o FvD tenha os mesmos 12 senadores que o partido de Rutte, na realidade, a extrema-direita supera em votos os liberais, se tornando o maior partido do Senado em número de eleitores, um posto que na última década pertencia aos liberais do Governo.
Baudet é conhecido por suas declarações sexistas, antimigratórias, eurofóbicas, antifeministas e, nestes últimos meses, pela sua rejeição à existência da mudança climática e suas consequências, embora muitos de seus eleitores o considerem uma versão "menos radical" do ultradireitista Geert Wilders, líder do Partido da Liberdade (PVV), que perdeu quatro assentos.
Em um de seus livros, Baudet descreve como a unificação europeia e o multiculturalismo debilitaram o Estado da nação e prevê o fim da UE.
A peculiaridade do sistema eleitoral holandês vincula a formação do Parlamento aos resultados das eleições gerais, mas a do Senado à composição dos conselhos das 12 províncias do país.
O novo Senado, cujos membros assumem suas cadeiras efetivamente dentro de dois meses, dificultará que a coalizão do governo de Rutte poder aprove suas propostas nos próximos anos, já que é imprescindível o sinal verde da Câmara Alta para aprovar os projetos de lei.
Os analistas avaliaram estas eleições como um teste para as políticas nacionais e internacionais de Rutte, primeiro-ministro da Holanda desde 2010, mas também como um "ponto de referência" para as eleições ao Parlamento Europeu do próximo mês de maio, com vistas ao apoio que os partidos populistas possam conseguir.