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Extrema-direita da Áustria espera formar governo com Kurz

O líder do Partido Liberal da Áustria afirmou que seu partido espera receber o convite para negociar a coalizão que governará o país nos próximos cinco anos

Heinz-Christian Strache: os social-democratas também decidiram ontem deixar aberta a possibilidade de negociar com a extrema-direita (Heinz-Peter Bader/Reuters)

Heinz-Christian Strache: os social-democratas também decidiram ontem deixar aberta a possibilidade de negociar com a extrema-direita (Heinz-Peter Bader/Reuters)

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EFE

Publicado em 18 de outubro de 2017 às 10h43.

Viena - O ultranacionalista e populista Partido Liberal da Áustria (FPÖ, na sigla em alemão), liderado por Heinz-Christian Strache, manifestou nesta quarta-feira sua confiança de que fará parte do próximo governo, em aliança com o Partido Popular (ÖVP) de Sebastian Kurz, ganhador das eleições de domingo.

Em uma coletiva de imprensa em Viena, Strache confirmou que seu partido está à espera de receber de Kurz o convite para negociar uma nova coalizão que governará o país alpino nos próximos cinco anos.

"Certamente, aceitaremos (o convite)", indicou o líder de extrema-direita e eurocético, terceiro colocado nas eleições com 26% dos votos.

"Assumimos que, por fim, haverá um resultado bem-sucedido (...) com uma maioria democrática", acrescentou Strache em alusão a fato de que ÖVP e FPÖ obtiveram juntos quase 58% dos votos.

Kurz ganhou as eleições com um duro discurso contra a imigração, alcançando 31,5% dos votos, à frente do Partido Social Democrata (SPÖ), do chanceler federal em funções, Christian Kern, com 26,9%.

Diante das reservas expostas no passado pelo presidente federal austríaco, Alexander Van der Bellen, sobre uma participação do FPÖ em um governo, Strache manifestou hoje sua esperança de que ele irá "respeitar e reconhecer" o resultado das eleições.

Por lei, o chefe de Estado tem, teoricamente, o poder de rejeitar uma participação do FPÖ no Executivo ou, pelo menos, exigir mudanças em suas propostas de ministros.

Van der Bellen reiterou ontem sua exigência de que o programa do novo governo esteja baseado "nos valores fundamentais europeus" e advertiu que, neste contexto, "analisará atenciosamente" as propostas que chegarem.

Por outro lado, Strache confirmou hoje que a pasta de Interior - que ele mesmo ocuparia - será uma de suas principais exigências nas negociações com os populares de Kurz, que receberão provavelmente na sexta-feira do presidente federal a determinação de formar um novo Executivo.

Neste contexto, o líder de extrema-direita lembrou que a tradição é que o vencedor das eleições inicie as conversas, seja com o segundo (SPÖ) ou com o terceiro (FPÖ), para formar uma coalizão.

Muitos analistas descartam uma reedição da coalizão entre ÖVP e SPÖ, já que foi precisamente a ruptura entre ambos em maio - uma exigência de Kurz - que provocou a antecipação das eleições legislativas.

Outra combinação possível com maioria parlamentar seria uma aliança entre o SPÖ e o FPÖ.

Os social-democratas decidiram ontem deixar aberta a possibilidade de também negociar com a extrema-direita, apesar de existir há anos uma resolução interna do SPÖ contra uma cooperação com o FPÖ em nível nacional.

Strache, por sua vez, disse hoje que, enquanto essa resolução continuar vigente, não há como pensar em uma cooperação com os social-democratas.

 

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