Putin e Macron: enquanto a estratégia do Ocidente de virar as costas para Putin não vem dando certo, Macron espera ser o grande porta-voz disposto a resolver as questões mundiais (Murad Sezer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2019 às 06h29.
Última atualização em 19 de agosto de 2019 às 06h53.
O encontro das sete maiores economias do planeta começa apenas no fim desta semana, mas pode-se dizer que a primeira conversa oficial acontece já nesta segunda-feira. O presidente francês, Emmanuel Macron, recebe em sua casa de passeio no sul da França o presidente russo, Vladimir Putin, que há cinco anos não faz mais parte do G7.
Putin e a Rússia foram expulsos do grupo — então chamado G8 — em 2014, após a Rússia anexar a Crimeia, território que pertencia à então vizinha Ucrânia.
De lá para cá, as desavenças de Putin com os países do Ocidente se intensificaram e Putin esteve contra a Europa e os Estados Unidos em situações como a guerra na Síria (onde apoia o ditador Bashar al-Assad) e no apoio às investidas nucleares do Irã.
Como a França será a anfitriã desta edição do G7, receber Putin mostra respeito com a nação que é uma das maiores potências geopolíticas globais. Por outro lado, a expectativa é que Macron pressione Putin a retomar as conversas sobre a Crimeia.
A expectativa da França é que um acordo avance sob o novo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, eleito neste ano tendo a retomada das negociações sobre o território como uma de suas principais plataformas de campanha.
O leste ucraniano vive desde a anexação uma guerra entre separatistas russos paramilitares e forças do governo da Ucrânia, matando mais de 10.000 pessoas e com ataques até hoje.
Yuri Ushakov, assessor de Putin, disse à agência AFP que retomar um cessar-fogo na região será de fato “a principal questão pública” do encontro com Macron.
Também devem ser temas da reunião a quebra do acordo nuclear com o Irã liderada pelo governo de Donald Trump nos Estados Unidos (e que a Europa quer tentar impedir), a guerra de oito anos na Síria e a perseguição de Putin aos opositores nos protestos que acontecem há semanas na Rússia pedindo que a oposição participe de eleições municipais em Moscou.
Porta-vozes afirmam que Putin e Macron se aproximaram nos últimos meses, e que a aproximação levou Putin a até mesmo tirar da prisão (rumo à domiciliar) um banqueiro francês preso na Rússia.
Desde que assumiu o poder na França, em 2017, Macron prometeu trazer o país de volta ao centro das grandes discussões geopolíticas. Enquanto a estratégia do Ocidente de virar as costas para Putin não vem dando certo, Macron espera ser o porta-voz disposto a resolver as questões mundiais.