Exportações chinesas podem atingir recorde de US$ 3,548 trilhões em 2024, apesar das tensões comerciais com os EUA e da ameaça de novas tarifas no segundo mandato de Donald Trump. (Costfoto/NurPhoto/Getty Images)
Redator na Exame
Publicado em 25 de novembro de 2024 às 06h13.
Última atualização em 25 de novembro de 2024 às 10h45.
As exportações da China estão a caminho de atingir um recorde histórico em 2024, impulsionadas pela antecipação de pedidos por parte de clientes internacionais temerosos com as ameaças do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante a campanha, o futuro presidente sinalizou a possibilidade de aumentar tarifas de importação sobre produtos chineses para até 60%, o que pode desencadear uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
De acordo com a Bloomberg, as exportações chinesas devem crescer 7% no último trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023, uma melhora em relação à previsão anterior de 5%. Isso elevaria o total de exportações de 2024 para US$ 3,548 trilhões (R$ 20,6 trilhões), superando o recorde de 2022.
Esse crescimento é atribuído ao "estoque de pânico" realizado por empresas estrangeiras que buscam proteger suas cadeias de suprimentos antes de possíveis novas tarifas. "Nos próximos meses, as exportações chinesas podem se beneficiar desse comportamento, mas há um alerta para 2025, quando as tensões comerciais devem aumentar", afirma Erica Tay, economista do Maybank Investment Banking Group.
O superávit comercial da China também deve alcançar um recorde, possivelmente chegando a quase US$ 1 trilhão (R$ 5,81 trilhões). Este desempenho sólido nas exportações tem ajudado o país a compensar a fraqueza da demanda interna, enquanto o governo promove estímulos econômicos para sustentar o crescimento.
Apesar desse desempenho, as importações chinesas continuam estagnadas, reflexo da dificuldade em impulsionar a economia doméstica. Esse desequilíbrio gera preocupações globais sobre a inundação de mercados com produtos chineses mais baratos, potencialmente prejudicando indústrias locais de outros países.
A perspectiva de um segundo mandato de Trump trouxe incertezas adicionais. Durante sua primeira presidência, Trump impôs tarifas de até 25% sobre mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,74 trilhão) em produtos chineses, o que levou a retaliações de Pequim. O retorno de Trump pode resultar em um aumento ainda maior nas tarifas e em um impacto significativo no comércio global.
Para lidar com as possíveis consequências de uma nova guerra comercial, analistas esperam que a China intensifique os estímulos econômicos em 2025. Uma das medidas projetadas é a redução adicional da taxa de reserva obrigatória dos bancos em até 50 pontos base, permitindo maior disponibilidade de crédito para impulsionar a economia.
O Produto Interno Bruto (PIB) da China deve crescer 4,9% no último trimestre deste ano, segundo a Bloomberg, levemente acima da previsão anterior de 4,8%. Economistas acreditam que Pequim usará sua experiência acumulada em conflitos comerciais anteriores para mitigar os danos. Entre as estratégias potenciais estão a desvalorização do yuan e o aumento do estímulo doméstico.
Apesar das tensões, a política comercial chinesa segue focada em expandir o mercado externo. Em 2024, o governo prometeu ajudar empresas a exportar mais, enfrentando reações de diversos países preocupados com a competitividade dos produtos chineses.