Cão-robô da MyBot Shop (Rafael Balago/Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 24 de fevereiro de 2025 às 06h40.
Hanover, Alemanha* - A Hannover Messe, maior feira industrial global, dará destaque para o avanço da inteligência artificial, que acelera processos de desenvolvimento de produtos, dróides e exoesqueletos.
Alguns dos itens foram apresentados em uma prévia da Hannover Messe, maior feira industrial do mundo, da qual a EXAME participou. A feira será realizada a partir de 31 de março em Hanover e terá a participação de mais de 4.000 empresas.
Este ano, o Canadá é parceiro da feira. Em 2026, será a vez do Brasil.
Entre os produtos a serem exibidos, está o exoesqueleto da fabricante Suitx ajuda a carregar até 17 kg. Os novos modelos, em vez de dar força extra nos braços, dão um impulso nas costas. Sensores detectam os movimentos dos usuários e dão apoio quando necessário. Eles podem ser usados no resto do tempo, sem limitar movimentos. Sistemas com inteligência artificial ajudam a detectar e entender os movimentos do usuário, para aplicar a força apenas quando necessário.
"Ele é tão fino que você não reconheceria que há um motor ali", disse David Duwe, vice-presidente da Suitx, à EXAME. A empresa surgiu na Califórnia em 2012 e depois foi incorporada pela empresa alemã Ottobock, especialista em próteses.
As unidades custam entre 5 mil e 10 mil euros cada, e duram entre cinco e dez anos, de acordo com Duwe.
Exoesqueleto da Suitx (Rafael Balago/Exame)
O cachorro-robô trazido pela MyBot Shop serve para várias funções em indústrias, como a de acessar instalações de difícil entrada para um ser humano, por ser muito quente ou apertada, para verificar se cabos e dutos estão sem vazamentos, por exemplo.
Onde seria a boca do cachorro, fica um sensor chamado de Lidar, que dispara lasers em várias direções para analisar os arredores e pode enviar alertas automáticos.
"Ele tem diferentes tamanhos, que podem ir de 30 cm a 1 metro", diz Danny Ehlerding, gerente da MyBot Shop, que vende os equipamentos. Ele explica que os cães-robô podem ser configurados para diversas funções. "Você pode desenvolver novas tarefas nos modelos pequenos e depois colocá-las nos modelos grandes", diz.
O custo de cada unidade parte de 10 mil euros, mas pode chegar a 80 mil, dependendo da configuração.
O próximo passo da empresa é fazer robôs bípedes, que partem do mesmo padrão dos "cães", mas poderão se equilibrar sobre duas pernas e executar tarefas em lugares mais altos ou que exigem mais flexibilidade, como apertar parafusos no interior de um carro.
A feira terá ainda bastante espaço para as inovações industriais envolvendo IA, com destaque para os modelos de "gêmeos digitais". Uma versão digital de um equipamento, como uma máquina, pode ser criada, para se acompanhar seu desgaste e fazer simulações, o que permite prever quando uma quebra está perto de ocorrer.
O avanço da IA também agiliza muito o desenvolvimento do design de novos produtos.
"Um dos motivos pelos quais o desenvolvimento de um veículo não leva mais cinco anos, mas dois anos, é o uso de ferramentas e tecnologias impulsionadas por IA", disse Fatma Kocer-Poyraz, vice-presidente de ciência de dados da Altair, que desenvolve softwares para projetos industriais.
"O intervalo entre ter uma ideia e entender se ela é boa ou não não é mais de horas, semanas ou dias, mas de segundos a minutos", diz.
* O repórter viajou a convite da Hannover Messe.