Cuba e EUA: "Achamos que o governo americano tem que ser público, aberto e claramente solidário com o direito dos cubanos a se pronunciarem por meio de eleições livres" (Enrique De La Osa/Reuters)
EFE
Publicado em 28 de novembro de 2016 às 18h35.
Miami - Quatro grupos do exílio cubano mostraram apoio unânime ao aviso feito nesta segunda-feira pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que romperá o acordo com Cuba se o governo da ilha não promover a abertura do regime.
Jorge Mas Santos, presidente da influente Fundação Nacional Cubano Americana (FNCA), defendeu que os EUA "renegociem ou tome medidas unilaterais" para "empoderar o empobrecido povo cubano" se o regime não "responder passos" dados pelo governo norte-americano.
O filho do ativista cubano falecido Jorge Mas Canosa, fundador da FCNA, disse à Agência Efe que foi aberto um contexto nas relações bilaterais que exigirá que Havana estabeleça "profundas reformas econômicas e políticas necessárias para o benefício dos cubanos".
Trump escreveu hoje no Twitter que "se Cuba não está disposta a fazer um acordo melhor para o povo cubano, e os cubano-americanos em seu conjunto, porei um fim no acordo".
"Temos certeza que a mensagem de Trump é positiva. Nos alegra que tenham posição e que diga que colocará fim ao acordo e às concessões se Cuba não produzir uma mudança para melhor para o povo cubano", disse à Efe o diretor da Plantados, Ángel de Fana, líder de um dos grupos que integram a Assembleia da Resistência Cubana em Miami.
Apesar de De Fana entender que os cubanos de dentro da ilha é quem deve decidir sobre o destino, o ativista se mostrou feliz de o republicano assumir um papel ativo na promoção da liberdade, democracia e melhora nas condições de vida para a população.
Concordando com Mas Santos, De Fana expressou confiança de que o governo norte-americano irá "contribuir" para promover avanços na questão dos direitos políticos e civis dos cubanos, além de não aceitar "concessões sem mudanças".
A possível virada dos EUA em relação à ilha também foi aplaudida por Antonio Díaz Sánchez, secretário-geral do Movimento Cristão de Libertação (MLC), fundado pelo falecido opositor Oswaldo Payá.
"Achamos que o governo americano tem que ser público, aberto e claramente solidário com o direito dos cubanos a se pronunciarem por meio de eleições livres", defendeu Díaz.
Além disso, o ativista cubano fez um apelo à "solidariedade internacional" dos países democráticos ao afirmar que os cubanos também têm direito à liberdade.
Por isso, sugeriu que tanto as relações diplomáticas como as econômicas com o governo da ilha devem partir da perspectiva de que Cuba não é um país democrático.
Durante as eleições primárias do Partido Republicano e na campanha pela presidência, Trump fez frequentes declarações de que revogaria as medidas executivas do presidente Barack Obama, responsáveis por reaproximar os dois países, a não ser que o regime dos Castro restaurasse a liberdade na ilha.
Para Díaz, Trump deve exigir eleições livres em Cuba.
O futuro chefe de gabinete do presidente eleito, Reince Priebus, disse no domingo que Trump aguardará "alguns movimentos" de Cuba em relação às liberdades dos cidadãos para decidir como será a relação com o governo da ilha durante sua administração.
Caso isso não ocorra, a aproximação entre os dois países será revertida.
José Basulto, fundador da Brothers to the Rescue, não escondeu a satisfação pela morte de Fidel Castro, chamando-o de "pai do medo". No entanto, disse ter esperança de que agora as portas estejam abertas para que o povo cubano possa buscar uma mudança efetiva.
"Se o governo cubano não se abrir ao povo, estou mais do que de acordo com Trump em pôr fim à relação e aos acordos", disse Basulto.
Várias organizações do exílio cubano convocaram uma manifestação pela liberdade e democracia em Cuba na próxima quarta-feira no bairro de Little Havana, em Miami.