Explosão destrói prédio no bairro residencial de Rimal, na Cidade de Gaza, em 20 de maio de 2021, durante o bombardeio israelense no enclave controlado pelo Hamas (BASHAR TALEB/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 8 de outubro de 2023 às 08h16.
O exército de Israel anunciou neste domingo que vai evacuar todos os israelitas que vivem ao redor da Faixa de Gaza nas próximas 24 horas, depois de ter destacado dezenas de milhares de soldados para combater milicianos palestinianos infiltrados.
“A nossa missão nestas 24 horas é evacuar todos os residentes que vivem em redor de Gaza”, disse o porta-voz militar Daniel Hagari aos jornalistas, acrescentando que os combates continuam para “resgatar os reféns” que os islamistas capturaram em território israelita. “Há dezenas de milhares de soldados na área” e “mataremos todos os terroristas em Israel”, acrescentou.
Nos últimos 15 anos, desde 2008, Israel e os movimentos palestinos Hamas e Jihad Islâmica tinham se enfrentado em Gaza cinco vezes. Agora, um novo conflito teve início depois que o Hamas realizou ataques ao território israelense neste sábado.
Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que “o que aconteceu nunca foi visto antes em Israel” e declarou estado de guerra , lançando uma ofensiva contra o grupo palestino. No fim do sábado, as informações da mídia local e das autoridades israelenses e palestinas apontavam ao menos 482 mortos, 250 de Israel, e 232, da Palestina.
‘Chumbo Fundido’
Em 27 de dezembro de 2008, Israel lançou uma ofensiva aérea contra Gaza para pôr fim aos disparos de foguetes feitos pelo território palestino, governado desde 2007 pelo movimento islâmico Hamas. A operação foi chamada de "Chumbo Fundido".
Alguns dias depois, em 3 de janeiro de 2009, tropas israelenses entram no território palestino. Cerca de duas semanas depois, no dia 18, um cessar-fogo encerrou a operação, após morrerem cerca de 1,4 mil palestinos e 13 israelenses.
A Anistia Internacional acusou tanto Israel quanto o Hamas de cometerem "crimes de guerra".
‘Pilar defensivo’
Em 14 de novembro de 2012, o exército israelense lançou a operação "Pilar defensivo" contra os grupos armados em Gaza. Ela teve início com o assassinato do chefe das operações militares do Hamas, Ahmad Jaabari.
Em oito dias de bombardeios, mais de 170 palestinos perderam a vida, uma centena deles civis, assim como seis israelenses, dos quais quatro civis.
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O exército israelense assegura ter atacado 1,5 mil posições, incluindo 19 centros de comando. Mais de 900 foguetes disparados a partir de Gaza caíram em Israel, e 400 foram interceptados.
'Margem Protetora'
Em 8 de julho de 2014, Israel lançou a operação "Margem Protetora" para frear os disparos de foguetes de Gaza e destruir os túneis escavados a partir do território palestino.
Em 26 de agosto, após 50 dias de guerra, Hamas e Israel chegam a um acordo de cessar-fogo, negociado através do Egito.
A guerra, porém, deixou ao menos 2.251 palestinos mortos, a maioria civis. Matou também 74 pessoas do lado israelense, quase todos militares.
Além disso, cerca de 55 mil casas foram atingidas pelos bombardeios israelenses e aproximadamente 17,2 mil foram destruídas, segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
'Guardião dos Muros'
Em 2021, o Hamas lançou, em 10 de maio, uma saraivada de foguetes em "solidariedade" às centenas de palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, um lugar sagrado para ambos os povos e alvo de disputas.
Israel respondeu com a operação "Guardião dos Muros", para reduzir as capacidades militares do Hamas. Após intensas negociações diplomáticas, um cessar-fogo entrou em vigor 11 dias depois, em 21 de maio.
Nesse período, Hamas e Jihad Islâmica, dois movimentos palestinos qualificados como "terroristas" por Israel, União Europeia e Estados Unidos, lançaram mais de 4,3 mil foguetes, uma ofensiva sem precedentes até então contra o território israelense. Porém, 90% dos projéteis foram interceptados.
Nos confrontos, ao menos 232 palestinos morreram, 65 deles menores de idade. Outros 12 óbitos foram registrados em Israel, entre eles duas crianças.
'Escudo e flecha'
Dias depois de confrontos com a Jihad Islâmica, Israel bombardeou Gaza, em 9 de maio deste ano, na chamada operação "Escudo e flecha". 15 palestinos morreram nos ataques, três deles chefes militares do movimento.
A Jihad Islâmica respondeu disparando centenas de foguetes, mas que não deixaram nenhum ferido em Israel. Nos dias 11 e 12, o exército israelense matou dois chefes militares do movimento palestino.
Uma trégua negociada pelo Egito entrou em vigor no dia seguinte, após cinco de uma guerra que deixou 35 mortos no total.