Yankaja - As tropas iraquianas, os combatentes curdos e os milicianos xiitas, apoiados pela aviação americana, intensificaram nesta segunda-feira a contraofensiva contra os insurgentes jihadistas no Iraque, onde ao menos 1.420 pessoas morreram de forma violenta em agosto.
As tropas de Bagdá e seus aliados se viram encorajados depois de romper no domingo o cerco que durante 11 semanas foi imposto pelos jihadistas à cidade turcomana xiita de Amerli, no norte.
Este foi o maior êxito do governo iraquiano desde que os insurgentes liderados pelo Estado Islâmico (EI) lançaram uma ofensiva em junho com a qual tomaram amplas zonas ao norte e a oeste de Bagdá.
Além disso, foi a primeira vez em que os Estados Unidos lançaram ataques aéreos contra alvos fora do norte curdo do Iraque, no qual havia se concentrado desde o início de sua campanha aérea, há três semanas.
Os moradores de Amerli, em sua maioria turcomanos xiitas, corriam risco tanto por sua fé, considerada uma heresia pelos jihadistas sunitas, quanto por sua resistência aos milicianos, que já aplicaram duras punições em outros lugares.
O primeiro-ministro em fim de mandato, Nuri al-Maliki, afirmou em declarações à televisão nesta segunda-feira durante uma visita a Amerli que o Iraque será o túmulo para os jihadistas.
As forças iraquianas mantinham o ritmo nesta segunda-feira, quando os peshmergas (soldados curdos) e os milicianos recuperaram Sulaiman Bek, ao norte de Amerli.
"Sulaiman Bek está sob controle de forças combinadas", mas ainda há risco pelos explosivos que os rebeldes podem ter deixado para trás, afirmou Shallal Abdul Baban, funcionário da zona.
Os soldados iraquianos, os peshmergas e os milicianos xiitas também cercaram a cidade próxima de Yankaja, que tentavam tomar dos jihadistas.
Mais de 1.400 mortos em agosto
Os Estados Unidos afirmaram ter realizado quatro ataques aéreos na zona de Amerli, expandindo assim a campanha fora da zona norte do país, e apoiando operações nas quais participavam forças que haviam combatido anteriormente.
Além dos Estados Unidos, França, Reino Unido e Austrália também enviaram ajuda humanitária a Amerli, mas os suprimentos ocidentais eram esperados nesta cidade.
A Alemanha se somou à resposta internacional para armar os curdos iraquianos que combatem os jihadistas. A chanceler Angela Merkel defendeu nesta segunda-feira no Bundestag a decisão de enviar lança-coletes anti-tanques, rifles e granadas devido à ameaça que os jihadistas do EI representam para a Europa e para a Alemanha.
Merkel se referiu aos cerca de 400 alemães que se uniram às fileiras do EI na Síria e no Iraque, afirmando que deve-se "temer que estes combatentes voltem um dia".
Para a chefe do governo alemão, a ajuda militar a um grupo em um conflito, algo a que a Alemanha geralmente se opõe, deve ser estudada caso a caso. "Às vezes são necessários meios militares para poder alcançar uma solução política", disse, considerando que este não é ocaso do Iraque.
As forças curdas apoiadas por ar pelos Estados Unidos conseguiram tomar dos jihadistas algumas zonas do norte do Iraque que haviam perdido no mês passado.
Entre elas encontra-se a represa de Mossul, a maior do país, o que lhes garante uma importante fonte de eletricidade e água para os arredores desta cidade, a segunda do país.
A ONU anunciou nesta segunda-feira em Bagdá que ao menos 1.420 pessoas morreram e 1.370 ficaram feridas em agosto de forma violenta no Iraque. Os dados não incluem a província de Al-Anbar (oeste), e é difícil verificá-los nas zonas de combate e naquelas que fogem ao controle do governo.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU examinará nesta segunda-feira em Genebra uma resolução apresentada pelo Iraque e apoiada, entre outros, pela Organização da Cooperação Islâmica, o Movimento de Países não Alinhados, a União Europeia e os Estados Unidos, na qual se pede que enviem urgentemente uma missão que investigue as atrocidades cometidas pelo EI.
O EI e seus aliados controlam amplas zonas do nordeste da Síria e do norte e oeste do Iraque, nas quais proclamaram no fim de junho um califado.
Washington disse que para derrotar este grupo sunita ultrarradical será necessário realizar operações na Síria, mas rejeitou qualquer cooperação com o regime de Bashar al-Assad, embora tenha tentado somar o apoio do Irã, importante aliado de Damasco.
*Atualizada às 14h50 do dia 01/09/2014
-
1. O poder dos radicais
zoom_out_map
1/22 (Reuters)
São Paulo -- Os jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (
EIIL) vêm exibindo uma variedade impressionante de armas. Muitas foram capturadas do próprio exército iraquiano, que os extremistas derrotaram em diversas batalhas no norte do país. Veja alguns equipamentos bélicos que já foram vistos em poder do EIIL.
-
2. Tanques T-55
zoom_out_map
2/22 (John Harwood / Wikimedia Commons)
Os T-55 são tanques russos que os extremistas teriam capturado das forças iraquianas. Seguem o desenho básico do T-54, tanque soviético desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. Há variantes do T-55 com mira a laser, controle de tiro computadorizado, sistemas avançados de radiocomunicação e armadura explosiva, que repele projéteis antitanques.
-
3. Tanque M-1 Abrams
zoom_out_map
3/22 (D. W. Holmes II / US Navy / Wikimedia Commons)
Os americanos já enviaram centenas de tanques M1 Abrams ao Iraque. Segundo
relatos, o EIIL teria capturado alguns deles. O Abrams pesa quase 70 toneladas e é movido por uma potente turbina a gás. É um tanque avançado, com uma rede de sensores que alimentam um computador de bordo capaz de calibrar os disparos com precisão.
-
4. Canhão 59-1
zoom_out_map
4/22 (Lance Lanham / US Army / Wikimedia Commons)
Há relatos de EIIL teria canhões do tipo 59-1, capturados do exército iraquiano. Trata-se da cópia chinesa de um canhão russo desenvolvido logo após a Segunda Guerra Mundial. O original tinha alcance superior a 27 quilômetros. Durante muitos anos, foi o canhão rebocável com maior alcance no mundo.
-
5. Canhão antiaéreo ZU-23-2
zoom_out_map
5/22 (Serge Serebro / Vitebsk Popular News / Wikimedia Commons)
O ZU-23-2 é um canhão antiaéreo duplo projetado no final da década de 1950 na União Soviética. Dispara balas de 23 milímetros de diâmetro a até 2,5 km de distância. Pode derrubar aviões e helicópteros ou atingir alvos terrestres. O exército iraquiano tem unidades fabricadas na Bulgária e na Polônia. Segundo relatos, algumas delas foram parar nas mãos do EIIL.
-
6. Canhão antiaéreo tipo 65/74
zoom_out_map
6/22 (Joe Mabel / Wikimedia Commons)
Um vídeo de propaganda do EIIL mostra um canhão antiaéreo que especialistas dizem ser uma arma chinesa tipo 65 ou 74 (o 74 é uma versão aperfeiçoada do 65). É um canhão de 37 milímetros com dois canos, derivado de um antigo projeto soviético. A versão original disparava 60 balas por minuto a até 8,5 km de distância.
-
7. Mísseis terra-ar
zoom_out_map
7/22 (US Army / Wikimedia Commons)
Combatentes do EIIL foram vistos com pequenos mísseis terra-ar conhecidos como MANPADS. Eles são disparados de um lançador tubular portátil, que é apoiado no ombro do soldado, e podem derrubar helicópteros voando baixo. Há inúmeras variantes dessas armas. Muitas não são guiadas, mas as mais avançadas são orientadas por raios infravermelhos ou por laser.
-
8. Míssil antitanque Hongjian-8
zoom_out_map
8/22 (Kizilsungur / Wikimedia Commons)
O míssil Hongjian-8 (ou HJ-8) é um projeto chinês dos anos 80. É fabricado na China e no Paquistão. O míssil é disparado de um lançador tubular e guiado por um fio até o alvo. É capaz de destruir as blindagens ativas de tanques, que usam explosivos para defletir projéteis. Tem sido usado ocasionalmente na guerra civil Síria.
-
9. Lança-foguetes RPG-7
zoom_out_map
9/22 (Kenneth Lane / US Marine Corps / Wikimedia Commons)
O lança-foguetes russo RPG-7 é uma das armas antitanque mais usadas no mundo. É apreciado no campo de batalha por ser confiável e relativamente fácil de usar. É disparado apoiado sobre o ombro do soldado. A munição é uma granada-foguete não guiada, capaz de atingir alvos a até 200 metros de distância.
-
10. Metralhadora DShK
zoom_out_map
10/22 (Erwin Franzen / Wikimedia Commons)
A DShK é uma peça de museu, mas é mortal. Foi desenvolvida pela União Soviética no final da década de 1930 e chegou a ser usada na Segunda Guerra Mundial. Essa metralhadora pesada dispara 600 balas de 12,7 mm de diâmetro por minuto. Segundo relatos, o EIIL teria algumas delas montadas em caminhões.
-
11. Metralhadora M240
zoom_out_map
11/22 (Eric Powell / US Navy / Wikimedia Commons)
A M240 é uma metralhadora de médio porte projetada na Bélgica e usada pelas forças armadas americanas desde o final dos anos 70. Dispara entre 750 e 950 balas por minuto e tem alcance de até 1,8 km. É comum vê-la montada em tanques e outros veículos de combate.
-
12. Metralhadora M60
zoom_out_map
12/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
A M60 é usada desde 1957 pelas forças armadas americanas. Mas é capaz de fazer estragos. Ela dispara mais de 500 balas (de 7,62 mm de diâmetro) por minuto e atinge alvos a mais de 1 quilômetro de distância. Em geral, é operada por dois ou três soldados. Enquanto um puxa o gatilho, os outros vigiam os alvos e municiam a arma.
-
13. Fuzil M16
zoom_out_map
13/22 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)
O M16, fuzil automático leve do exército americano, é uma das armas vistas nas mãos dos combatentes do EIIL. É derivado do AR-15, projetado em 1956. Estima-se que 8 milhões de unidades do M16 já tenham sido fabricadas. Dessas, 90% seguem em uso em mais de 80 países. Com 1 metro de comprimento, o fuzil pesa 4 kg e é capaz de matar alguém a mais de 500 metros de distância.
-
14. Carabina M4
zoom_out_map
14/22 (James Harper Jr. / US Army / Wikimedia Commons)
A carabina M4 é a versão mais curta (84 cm) e mais leve (3,4 kg quando carregada com 30 balas) do fuzil M16. Foi adotada pelo exército americano em 1994 e é muito usada para combate em áreas urbanas. Tem coronha telescópica, o que permite encolhê-la para 76 cm.
-
15. Lança-granadas M203
zoom_out_map
15/22 (Exército da Austrália / Wikimedia Commons)
O M203 é um lança-granadas que funciona acoplado sob o cano de um fuzil ou carabina. Ao invadir uma casa, por exemplo, o soldado pode disparar a granada para explodir a porta ou a parede e, depois, matar as pessoas com o fuzil. O acessório pesa1,36 kg.
-
16. Caminhões MRAP
zoom_out_map
16/22 (US Marine Corps / Wikimedia Commons)
Os chamados MRAPs (sigla de “mine-resistant ambush protected”, resistente a minas e emboscadas) são caminhões capazes de suportar explosões de minas e artefatos improvisados. Também resistem a tiros de armas leves. Foram extensamente usados para transporte de tropas durante a Guerra do Iraque. E parece que o EIIL conseguiu obter alguns.
-
17. Carro blindado M113
zoom_out_map
17/22 (Jason McCree / USAF / Wikimedia Commons)
O carro blindado M113 é outro projeto antigo. Foi muito usado em combates no Vietnã. Em conflitos mais recentes, como a Guerra do Iraque, foi empregado para transporte de soldados e feridos. É um veículo anfíbio com blindagem leve, capaz de resistir a tiros de armas de mão. Alguns são equipados com uma ou mais metralhadoras na parte superior.
-
18. Humvees
zoom_out_map
18/22 (Eric Harris / US Air Force / Wikimedia Commons)
O Humvee é a versão moderna do jipão militar. Pode carregar uma variedade de armas, como metralhadoras e lança-granadas. O exército iraquiano possui muitos desses veículos que também foram usados pelos americanos na região. O EIIL divulgou fotos de Humvees que o grupo teria apreendido e enviado à Síria.
-
19. Uniformes high tech
zoom_out_map
19/22 (Brandon Aird / U.S. Army / Wikimedia Commons)
O EIIL divulgou vídeos de soldados usando uniformes e coletes à prova de balas americanos. São roupas com proteções feitas de Kevlar KM2, um compósito extremamente resistente. Não se sabe quantas unidades os jihadistas possuem.
-
20. Visão noturna
zoom_out_map
20/22 (US Department of Defense / Wikimedia Commons)
Vídeos do EIIL também mostram soldados com dispositivos de visão noturna AN/PVS-7. Esses equipamentos, desenvolvidos nos Estados Unidos nos anos 80, amplificam a luz entre 30 mil e 50 mil vezes, permitindo que o soldado enxergue no escuro. Não se sabe quantas unidades estão nas mãos dos extremistas e nem se elas estão em condições de uso.
-
21. UH-60 Black Hawk
zoom_out_map
21/22 (Suzanne Jenkins / USAF / Wikimedia Commons)
Segundo alguns relatos, quando os extremistas tomaram o aeroporto de Mossul, no Iraque, havia helicópteros americanos Black Hawk lá. Nenhum foi visto voando depois da captura. É possível que tenham sido danificados. Mas alguns especialistas afirmam que eles não voam porque o EIIL não tem pessoas treinadas para pilotá-los.
-
22. Agora veja uma amostra do poderio bélico americano:
zoom_out_map
22/22 (US Air Force)