Menina indiana reza durante vigília para a estudante que morreu após estupro coletivo (REUTERS / Amit Dave)
Da Redação
Publicado em 31 de dezembro de 2012 às 13h37.
Nova Délhi - Por respeito à morte da jovem que foi estuprada e espancada em um ônibus em Nova Délhi, na Índia, o Exército e a Marinha do país cancelaram as comemorações de Ano Novo, assim como Sonia Gandhi, líder do partido dominante no Congresso. Hotéis e clubes da capital também informaram que abrirão mão de suas tradicionais festas.
O país permanece em luto nesta segunda-feira, dois dias depois de a estudante de fisioterapia morrer em consequência de ferimentos internos em um hospital de Cingapura. Seis homens foram presos e acusados de assassinato pelo ataque, realizado no dia 16 de dezembro.
O corpo da jovem foi cremado no domingo (30) durante uma cerimônia privada na capital indiana, logo após ter chegado a Nova Délhi em um voo especial da Air India, vindo de Cingapura, para onde a jovem havia sido enviada para receber tratamento médico especializado.
A tragédia obrigou a Índia a enfrentar a realidade de que mulheres vítimas de violência sexual frequentemente responsabilizadas pelo crime e desencorajadas de procurar ajuda por medo de expor suas famílias ao ridículo. A polícia se recusa muitas vezes a aceitar denúncias de estupro feitas por vítimas e os raros processos que chegam aos tribunais podem se arrastar por anos.
A segurança da cerimônia de cremação foi reforçada. Nem o público, nem meios de comunicação tiveram acesso ao crematório. O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, e a líder do partido do Congresso, Sonia Gandhi, foram ao aeroporto para receber o corpo e encontrar os membros da família da vítima que estavam no voo.
Após a morte da jovem, milhares de indianos acenderam velas, realizaram reuniões de oração e marcharam por várias cidades e vilas, incluindo Nova Délhi, Mumbai, Bangalore e Calcutá, na noite de sábado para expressar sua dor e exigir maior proteção às mulheres e pena de morte por estupro. Atualmente o crime é punível com um máximo de prisão perpétua na Índia.
Dezenas de manifestantes tentaram romper um cordão policial no domingo (30) e marchar até o prédio do parlamento na capital indiana, mas foram impedidos. Eles integravam a ala estudantil do principal partido de oposição, Bharatiya Janata, e gritavam slogans contra o governo enquanto caminhavam. Centenas de policiais isolaram a área, onde está localizada a sede do governo da Índia, na expectativa de mais protestos. Além do parlamento, o local abriga o palácio do presidente, o gabinete do primeiro-ministro e vários ministérios.
Sonia Gandhi garantiu aos manifestantes, em comunicado, que a morte da vítima de estupro "aprofunda a determinação de lutar contra atitudes e mentalidades sociais vergonhosas que permitem ao homem estuprar e molestar mulheres e meninas com tamanha impunidade".
Enquanto isso, um comunicado das Nações Unidas (ONU) informou que o secretário-geral, Ban Ki-moon, "oferece suas sinceras condolências" para a família da vítima e "condena veementemente este crime brutal". "A violência contra as mulheres nunca deve ser aceita, desculpada ou tolerada", destacou o secretário, na nota. Ban pediu ao governo indiano que tome medidas para impedir esses crimes, responsabilize os criminosos e "fortaleça os serviços fundamentais para vítimas de estupro". As informações são da Associated Press.