Mundo

Excesso de algas matou peixes no RJ, diz secretaria

A explicação oficial para a morte de 86 toneladas de peixes não convenceu especialistas, que antecipam novos problemas

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.

Rio - Um laudo divulgado pela Secretaria do Ambiente apontou que a proliferação excessiva de uma alga causou a morte de 86,8 toneladas de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio.

De acordo com a secretária do Ambiente, Marilene Ramos, a reprodução acelerada das plantas ocorreu devido à combinação do calor com as chuvas de verão. Ela negou que o lançamento de esgoto causou o desastre ambiental. Biólogos discordam e alertam para a possibilidade de novas catástrofes.

"Quando chove, o sistema extravasa e, junto com as águas pluviais, vem o esgoto. Mas a carga que o corpo hídrico recebe é pequena e não causaria este estrago", disse Marilene. O laudo foi produzido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelo Laboratório de Ficologia do Museu Nacional. A secretária disse que a toxina produzida pela alga Chrysochromulina produz alterações nas guelras e lesões epiteliais nos peixes. Segundo ela, os animais perdem a capacidade de absorver oxigênio, vão à superfície em busca de ar e morrem.

Marilene defendeu como solução para a Lagoa o projeto da empresa EBX, do milionário Eike Batista, que por R$ 40 milhões instalaria um sistema de tubulação para bombear a água do mar e aumentar a oxigenação. O Ministério Público do Rio questionou os órgãos públicos sobre a mortandade e deu o prazo de dez dias para as respostas.

Os promotores solicitaram informações sobre a análise da qualidade da água da Lagoa, a necropsia dos peixes, a análise qualitativa e quantitativa sobre as algas e o relatório do monitoramento da qualidade da água referente aos últimos 24 meses. O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) se comprometeu a responder as questões em 30 dias. A Rio Águas, por sua vez, apresentará, em dez dias, o cronograma para o início do processo de dragagem.

O oceanógrafo David Zee, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, não concordou com as explicações da secretária para a mortandade. "Se a tese dela está correta, porque não os peixes não continuam morrendo?", questionou. Ele acredita que a Lagoa está "desequilibrada e fragilizada pela pressão urbana" e que, se as altas temperaturas continuarem, outro desastre ambiental pode ocorrer.

"Pode ser que a Secretaria tenha conseguido impedir despejo do esgoto da cidade formal na Lagoa, mas e o esgoto da favela? O passivo do lançamento do esgoto nas gestões anteriores também colabora, pois estão no fundo lodoso revolvido sempre pelas chuvas fortes", disse Zee, que acrescentou não ter encontrado registro sobre a alga descrita pela secretária.

Acompanhe tudo sobre:Águacidades-brasileirasMetrópoles globaisRio de JaneiroSustentabilidade

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru