Eleições americanas: pleito termina na próxima terça (3), mas apuração pode se arrastar por dias (Al Drago/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 30 de outubro de 2020 às 17h47.
Última atualização em 3 de novembro de 2020 às 17h16.
Com as pesquisas apontando para a vitória do democrata Joe Biden e um baixo número de eleitores indecisos, a corrida à Casa Branca chega à reta final marcada pelas discussões acerca do voto pelo correio e pela alta possibilidade de judicialização da apuração em alguns estados.
"Nos Estados Unidos, não existe uma autoridade nacional que regulamenta a eleição. Cada estado tem autonomia para decidir tudo, dos horários de votação às regras de apuração. A possibilidade de confusão é praticamente certa", explica o jornalista Sérgio Teixeira Jr, que de Nova York cobre as eleições americanas para a Exame, no novo episódio do podcast EXAME Política — Temporada Eleições Americanas, que vai ao ar todas as sextas-feiras com os grandes tópicos da eleição nos Estados Unidos discutidos em menos de 30 minutos.
Além dos votos pelo Correio, a questão da supressão de votos deve ganhar notoriedade nesses últimos dias de votação, especialmente pelas grandes filas que os eleitores devem enfrentar para votar. "Nesse sentido, os democratas acusam os republicanos de tentar dificultar a vida dos eleitores, especialmente as minorias étnicas e os jovens. E os republicanos dizem que querem garantir a lisura do processo eleitoral - apesar da existência de fraudes ser extremamente rara", explica Teixeira Jr.
O jornalista lembra também que o próprio presidente Donald Trump chegou a afirmar, em uma entrevista à Fox News, que se os republicanos aceitassem a votação como os democratas querem, "nenhum republicano jamais seria eleito nos Estados Unidos novamente".
Na reta final das eleições, que acontecem na próxima terça-feira (3), o podcast discute ainda os resultados de uma pesquisa exclusiva EXAME/IDEIA, projeto que une EXAME Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública, sobre a intenção de voto em Ohio, um dos mais acirrados "estados-pêndulo" da eleição americana. Nele, Trump e Biden aparecem tecnicamente empatados, com 49% e 47% das intenções de voto, respectivamente.
"Nesses últimos dias, as campanhas devem despejar recursos em estados como Ohio, onde cada voto importa muito", explica Maurício Moura, fundador do instituto de pesquisa IDEIA. "Trump deve continuar a insistir na narrativa do medo de Biden fechar a economia, dele se relacionar com a China, etc... E o Biden está altamente concentrado na incompetência de Trump na gestão da pandemia."
Ao contrário de Ohio, onde o resultado das eleições pode demorar alguns dias para ser definido, na Flórida a contagem de votos promete ser muito mais rápido - revelando o resultado da eleição no estado já na noite da terça (3). E, para Moura, esse resultado pode ditar o tom da apuração no restante do país.
“Se Biden ganhar na Flórida, o caminho do Trump à presidência fica bastante impossível”, explica o pesquisador. “Já se Trump ganhar, teremos uma apuração muito mais tensa no restante dos estados. Por isso, eu recomendo atenção especial a essa apuração na Flórida."
Mediado pela editora de macroeconomia da EXAME, Fabiane Stefano, o podcast EXAME Política vai ao ar todas as sextas-feiras com os principais temas da eleição americana. Clique aqui para ver o canal no Spotify, ou siga em sua plataforma de áudio preferida, e não deixe de acompanhar os próximos programas.