Maduro: "Há muitos funcionários comprometidos com o caso de corrupção da Odebrecht, além do presidente Maduro" (Marco Bello/Reuters)
EFE
Publicado em 28 de agosto de 2017 às 18h44.
San José - A ex-procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, disse nesta segunda-feira na Costa Rica que tem provas de um caso em que o presidente de seu país, Nicolás Maduro, desviou entre US$ 8 milhões e US$ 10 milhões.
"Há muitos funcionários comprometidos com o caso de corrupção da Odebrecht, além do presidente Nicolás Maduro, que subtraiu do Fisco entre US$ 8 milhões e US$ 10 milhões em dinheiro e os pagou a uma importante empresa", disse Ortega em uma entrevista coletiva.
Segundo a ex-procuradora-geral, para a "milionária trama de corrupção" se utilizou "como fachada a empresa venezuelana chamada Contextus Comunicação Corporativa".
Esta empresa, de acordo com Ortega, é propriedade de Mónika Ortigosa, esposa de Alejandro Escarrá, que por sua vez é sobrinho de Hermann Escarrá, membro da Assembleia Nacional Constituinte (ANC).
Ortega assegurou que recentemente entregou provas deste e outros casos a "procuradores dos Estados Unidos" e hoje ao procurador-geral da Costa Rica, Jorge Chavarría, que também exerce o cargo de secretário geral da Associação Ibero-Americana de Ministérios Públicos.
"Na Venezuela não vai ser possível fazer Justiça e por isso estou entregando evidências a diferentes países", comentou.
A ex-procuradora-geral destacou que no caso da Odebrecht está envolvido Diosdado Cabello, mas não revelou mais detalhes como fez no Brasil, onde disse que o montante ascendia a US$ 100 milhões.
"Tenho muitas provas do último escândalo de corrupção que afeta não só à Venezuela, mas toda à região. Estas provas que envolvem Diosdado Cabello foram entregues a funcionários das procuradorias de Estados Unidos e Brasil e vamos continuar com outros temas", disse.
A ex-procuradora chegou hoje à Costa Rica e não revelou os detalhes da sua agenda de atividades neste país por motivos de segurança.
Na entrevista coletiva garantiu que não retornará ao seu país porque sua vida corre perigo, mas ressaltou que seguirá lutando de fora para que na Venezuela "retorne a democracia e a liberdade".
Ortega foi destituída no último dia 5 de agosto pela Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, que a acusou de cometer "atos imorais" e disse que seu marido fazia parte de uma trama de extorsão que supostamente operava dentro do Ministério Público.
Após a acusação, Ortega abandonou a Venezuela e viajou para a Colômbia passando por Aruba.
A ex-procuradora, vinculada ao chavismo, mas que se distanciou do governo de Maduro nos últimos meses, denunciou a ruptura da ordem constitucional no seu país após duas sentenças do Tribunal Supremo que tiravam competências do parlamento e limitavam a imunidade dos deputados.