Blair: o ex-primeiro ministro afirmou que negociaria com a UE o adiamento da saída, caso estivesse no governo (Khaled Desouki/AFP/AFP)
EFE
Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 11h03.
Londres - O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair disse nesta quinta-feira que as conversas do Brexit estão imersas no "caos" e considerou "inevitável" atrasar a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), fixada para o próximo dia 29 de março.
Em declarações à emissora de rádio "BBC", o ex-líder trabalhista ressaltou que o governo de Theresa May terá que pedir uma ampliação da vigência do Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que fixou um período de negociação de dois anos desde a comunicação do "divórcio" até o momento de saída da UE.
"Acredito que isso é inevitável agora (...). Se eu estivesse no governo, já estaria conversando com a Europa sobre os termos da extensão" do artigo, acrescentou aquele que foi primeiro-ministro britânico entre 1997 e 2007.
Além disso, Blair se mostrou a favor de convocar um segundo referendo sobre a UE devido à atual crise política.
"Isto é um caos total. Levando em conta tudo o que passou, considerando o que sabemos agora, não é pouco razoável pedir ao povo para pensar sobre isso outra vez ", afirmou.
Por outro lado, Blair criticou o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, por negar-se a realizar uma reunião com a primeira-ministra para tentar pactuar um acordo que possa ser aprovado no parlamento, após a derrota sofrida por seu plano inicial.
"Se em um momento de crise nacional, o primeiro-ministro pede ao líder da oposição que venha conversar, ele certamente deve fazer isso", especificou.
May, cujo acordo do Brexit negociado com a UE foi rejeitado na terça-feira na Câmara dos Comuns, realizou conversas hoje com deputados de diferentes partidos a fim de desbloquear a crise.
A chefe de governo iniciou ontem à noite estes contatos políticos após superar na Câmara dos Comuns - por uma maioria de 19 votos - uma moção de censura contra o governo que tinha sido apresentado na terça-feira pelo líder trabalhista.
No entanto, Corbyn se negou a reunir-se com a primeira-ministra se não recebesse antes garantias de que não haverá um Brexit sem acordo.