Mundo

Ex-presidente mexicano enfrenta seu próprio partido

A controvérsia começou quando ele disse que somente um milagre poderia manter Calderón no poder e de questionar a luta contra as drogas

Em Leon (centro), onde Fox está registrado como membro do PAN, o líder local do partido, Arturo Falcon, advertiu que poderia abrir um processo interno contra o ex-presidente (Chip Somodevilla/Getty Images)

Em Leon (centro), onde Fox está registrado como membro do PAN, o líder local do partido, Arturo Falcon, advertiu que poderia abrir um processo interno contra o ex-presidente (Chip Somodevilla/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2012 às 15h53.

Cidade do México - O ex-presidente mexicano Vicente Fox, que em 2000 quebrou a hegemonia de 71 anos do PRI, enfrenta seu próprio partido, o PAN, depois de ter afirmado que apenas um "milagre" poderia mantê-lo no poder nas eleições de julho e de ter questionado a guerra às drogas do governo de Felipe Calderón.

Fox afirmou no fim de semana que há "provas" de que o candidato do Partido Revolucionário Institucional (PRI), Enrique Peña Nieto, está a caminho de ganhar as eleições presidenciais do dia 1º de julho, após dois anos consecutivos governados pelo Partido Ação Nacional (PAN).

O ex-presidente (2000-2006) fez referência às pesquisas que colocam Peña Nieto com uma ampla vantagem, de até 25 pontos, sobre a candidata da situação Josefina Vazquez Mota, enquanto o esquerdista Andrés Manuel Lopez Obrador aparece em terceiro.

"Minha esperança está com o meu partido, com o PAN, com Josefina, mas eu fico preocupado com a posição onde estamos, deste jeito perderemos o governo (...). Apenas um milagre, uma ação verdadeira, para além da rotina, poderia mudar as coisas", declarou Fox à imprensa.

Vazquez Mota, a única candidata que emergiu de uma eleição primária em fevereiro e que, em seguida, obteve um impulso temporário nas pesquisas, reagiu, sem citá-lo, às declarações do ex-presidente durante um comício no domingo em Guadalajara, segunda maior cidade do país.

"Àqueles que dizem que é difícil vencer (nós respondemos): "Já ganhamos"", disse.

As declarações de Fox confirmam o seu distanciamento de Calderón, acredita José Antônio Crespo, pesquisador do Centro de Pesquisa e Docência Econômica (CIDE) e autor de vários livros sobre questões eleitorais.

"O relacionamento nunca foi bom, especialmente com as críticas sobre a estratégia antidrogas" do atual presidente, ressalta Crespo.


"Isto não é circunstancial, por mais de um ano Fox se tornou o principal apoiador de Peña Nieto fora do PRI. Mas isso não parece bom para ele, estender seu manto de impunidade", a fim de evitar qualquer possível julgamento político em um eventual retorno do PRI ao poder, acrescentou.

Vázquez Mota era considerada a parte da corrente de Fox, que foi seu "padrinho político" ao convidá-la para se juntar ao seu gabinete no Ministério de Desenvolvimento Social, em 2000, explica Crespo.

Em Leon (centro), onde Fox está registrado como membro do PAN, o líder local do partido, Arturo Falcon, advertiu que poderia abrir um processo interno contra o ex-presidente.

"Qualquer militante que espalhar assuntos que prejudicam o partido, assim consta nos estatutos e regulamentos, e que não atuar dentro das condutas corretas, estará sujeito a uma penalidade e isto vale para todos os membros, incluindo Vicente Fox", disse Falcon.

O ex-presidente tem criticado particularmente a operação militar lançada por Calderón contra os cartéis de drogas, que colocou o México em uma espiral de violência que já deixou mais de 50.000 mortos desde dezembro de 2006.

Fox reiterou no fim de semana sua posição a favor da legalização das drogas, em uma mensagem aos presidentes que participaram da Cúpula das Américas, realizada em Cartagena (Colômbia).

É imperativo "acabar com a guerra e alcançar a paz" e "acabar com a proibição das drogas e passar para um regime com leis, regulamentos, decretos e regulações", afirmou em sua mensagem.

Na eleição de 2006, Fox, presidente em exercício, lançou durante sua polêmica campanha declarações controversas criticando o candidato de esquerda Lopez Obrador, derrotado por Calderón por menos de 1% dos votos.

O Tribunal Federal Eleitoral, a mais alta autoridade, advertiu que a intervenção do então presidente colocava em "risco" as eleições e que foi um fator que afetou a equidade do processo.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaEleiçõesMéxicoPolítica

Mais de Mundo

Imigração dos EUA se desculpa após deter cidadãos americanos que falavam espanhol

EUA congelam financiamento federal para ONGs que atendem migrantes

Trump confirma contatos com Moscou para repatriar vítimas russas de acidente aéreo

Após acidente, Trump ordena revisão de protocolo aéreo e mudanças de contratação feitas com Biden