Toledo, ex-presidente do Peru: Toledo se encontra supostamente nos Estados Unidos, onde vive habitualmente e trabalha como pesquisador visitante na Universidade de Stanford (Alex Wong/Getty Images)
EFE
Publicado em 14 de fevereiro de 2017 às 22h19.
Lima - O ex-presidente do Peru, Alejandro Toledo, apelou nesta terça-feira por meio de seu advogado, Heriberto Benítez, contra a ordem judicial para que seja detido de forma preliminar por 18 meses, por supostamente ter recebido US$ 20 milhões em subornos da Odebrecht.
Benítez solicitou à Sala Penal de Apelações que revogue a prisão preventiva decretada na quinta-feira passada pelo juiz Richard Concepción, titular do Primeiro Juizado de Investigação Preparatória da Sala Penal Nacional, para que em troca se apresente para um depoimento simples enquanto durar a investigação.
Na saída dos tribunais, o advogado assegurou que sabe o paradeiro de Toledo, mas que não o revelará porque é parte de seu direito à defesa e para evitar que possa ser localizado e capturado.
Benítez reiterou sua posição de que o ex-presidente permanecerá fora do Peru até que a apelação seja resolvida em um prazo de 15 dias, já que considera que não existem garantias suficientes para que enfrente um processo justo.
"O dito pelo juiz não é suficiente para uma prisão preventiva, mas foi anunciado quase como uma sentença antecipada, e o tratamento que o ex-presidente recebeu posteriormente é o de um condenado com sentença firme", criticou.
Benítez denunciou ainda que existe uma interferência política no processo porque o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pediu a deportação de Toledo a seu homólogo americano, Donald Trump.
O advogado acrescentou que o ministro do Interior, Carlos Basombrío, ofereceu uma recompensa de 100.000 sóis (cerca de R$ 102 mil) a quem ajudar a capturar Toledo, sem esperar que o recurso tenha sido resolvido.
O defensor de Toledo também lamentou que o procurador-geral do Peru, Pablo Sánchez, tenha antecipado que tramitará uma extradição quando o ex-presidente for detido.
Toledo se encontra supostamente nos Estados Unidos, onde vive habitualmente e trabalha como pesquisador visitante na Universidade de Stanford, mas o governo peruano teme que possa refugiar-se em outro país no qual seja mais difícil conseguir sua deportação ou extradição.
A procuradoria do Peru acusa Toledo dos crimes de tráfico de influência e lavagem de ativos por supostamente ter recebido subornos da construtora brasileira no valor de US$ 20 milhões em troca de favorecer a empresa na licitação da Estrada Interoceânica do Sul.
Toledo é a primeira grande figura da política peruana indiciada pelo caso Odebrecht, empresa que admitiu à Justiça americana ter pagado US$ 29 milhões em subornos a funcionários peruanos entre 2005 e 2014, período que compreende os governos de Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).