Ex-presidente Humala: as contas tinham mais de 40 mil sóis (US$ 12 mil) cada uma (foto/Reuters)
EFE
Publicado em 12 de julho de 2017 às 22h26.
Última atualização em 12 de julho de 2017 às 22h50.
Lima - O procurador Germán Juárez revelou nesta quarta-feira que o ex-presidente do Peru Ollanta Humala e sua esposa, Nadine Herédia, abriram contas no nome das filhas com dinheiro ilegal e também acusou os dois de terem manipulado testemunhas sobre as doações à campanha eleitoral em 2011.
Juárez pediu ontem a prisão preventiva de Humala e Herédia por 18 meses, acusando os dois de lavagem de dinheiro e associação ilícita por terem supostamente recebido US$ 3 milhões da Odebrecht para a campanha eleitoral de 2011.
Durante audiência, o promotor disse que Herédia abriu duas contas no nome de suas filhas, Illariy e Nayra Humala Héredia, com mais de 40 mil sóis (US$ 12 mil) cada uma, no Banco do Comércio.
"As quantias não foram fruto de seu trabalho, mas sim contribuições ilegais com dinheiro ilícito que vinham do estrangeiro por empresas, produto da corrupção", afirmou o promotor.
Juárez também apresentou uma transcrição de áudios. Nas gravações, Humala e a esposa teriam manipulado testemunhas para mudarem suas versões sobre as contribuições recebidas na campanha, o que representaria um risco para o processo.
O advogado de Humala, Wilfredo Pedraza, respondeu que o promotor não se baseou nas evidências de um risco processual para justificar o pedido de prisão preventiva do ex-presidente e da esposa.
Pedraza rebateu a alegação de Juárez, que indicou que Humala poderia fugir do país porque suas duas filhas, menores de idade, tinham viajado para os Estados Unidos com a avó.
O juiz Richard Concepción suspendeu a audiência, que será retomada ainda hoje, para que os advogados de Humala e Herédia tenham tempo de revisar as acusações e apresentar nova defesa, que será seguida de uma réplica do promotor. O ex-presidente e a esposa não compareceram à sede do Tribunal Penal Nacional.
O juiz, no entanto, negou um pedido dos advogados que a audiência fosse adiada até amanhã. "São 1.480 páginas. Fomos notificados ontem, no fim da tarde, é um tempo bastante curto para prepararmos uma defesa", alegou Pedraza.
Humala disse ontem que está sendo perseguido politicamente, mas afirmou estar tranquilo. Para o ex-presidente, o processo é "absurdo" porque as contribuições de empresas aos partidos políticos não são proibidas no Peru.
O promotor pediu a prisão preventiva para o casal argumentando que os dois poderiam fugir do país. Entre as acusações está a de ter recebido dinheiro do falecido ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez para a campanha eleitoral de Humala em 2006 e das empresas brasileiras Odebrecht e OAS para a de 2011.
O empresário brasileiro Marcelo Odebrecht afirmou em abril que sua companhia deu US$ 3 milhões para a campanha de Humala de seis anos atrás.