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Ex-presidente do Barcelona é processado por ocultar de dinheiro da CBF

Sandro Rosell e outras cinco pessoas são acusadas de fazer parte de uma organização criminosa que ocultou dinheiro desviado pelo ex-presidente da CBF

A Audiência Nacional da Espanha acredita que Rosell ficou com pelo menos 6,5 milhões (David Ramos/Getty Images)

A Audiência Nacional da Espanha acredita que Rosell ficou com pelo menos 6,5 milhões (David Ramos/Getty Images)

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EFE

Publicado em 29 de junho de 2018 às 12h08.

Redação Central - A Audiência Nacional da Espanha processou por crimes de lavagem e organização criminosa o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell, a sua esposa, Marta Pineda, o advogado Joan Besolí e outras três pessoas por receberem 20 milhões de euros da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), dos quais Rosell ficou com pelo menos 6,5 milhões.

Em auto no qual dá por concluída a instrução do caso, a magistrada Carmen Lamela afirma que há indícios que essas pessoas faziam parte de uma organização criminosa que ocultou dinheiro desviado da CBF pelo ex-presidente Ricardo Teixeira.

De acordo com a justiça espanhola, os seis indivíduos lavaram 15 milhões de euros obtidos por Teixeira dos direitos de transmissão de 24 amistosos da seleção brasileira e outros cinco milhões de um contrato de patrocínio da Nike.

Segundo a juíza, Rosell, que está preso por este caso junto a Besolí desde maio de 2017, se apropriou de pelo menos 6,5 milhões de euros da operação dos amistosos.

O contrato dessas partidas foi assinado em 2006 por Ricardo Teixeira com uma empresa árabe sediada nas Ilhas Cayman (International Sports Events) e vinculada ao grupo saudita Dallah Albaraka Group, dirigido pelo xeque bilionário Saleh Kamel.

No contrato "foi imposto à compradora o pagamento de quantias" que foram apropriadas por Rosell e Teixeira em prejuízo da Confederação Brasileira de Futebol, mais espeficicamente 8.393.328 euros no caso de Teixeira e 6.580.000 no do ex-presidente do Barcelona, "em ambos os casos sem o conhecimento da CBF".

Rosell recebeu os 6,5 milhões de euros mediante cinco transferências feitas entre novembro de 2010 e janeiro de 2011 para contas na Espanha em seu nome e o de sua esposa, dinheiro procedente de contas na Suíça e na Arábia Saudita vinculadas ao xeque.

O ex-presidente do clube catalão declarou à Fazenda espanhola que esses pagamentos foram feitos pela venda em maio de 2011 da empresa Bonus Sports Marketing (BSM), propriedade sua e de sua mulher, a uma empresa no Líbano de um cidadão libanês amigo de Rosell - Shahe Ohanneissian -, mas a juíza sustenta que na realidade corresponderam às comissões pelos amistosos.

Para o pagamento das comissões de Ricardo Teixeira aparentarem legalidade, os processados movimentaram parte do dinheiro através de um empresas e transferências bancárias, terminando em contas de Andorra às quais Rosell e Besolí tinham acesso.

Assim, Teixeira recebeu 8,4 milhões de euros em 2007 mediante uma empresa (Uptrend) que Rosell abriu em Nova Jersey e que tinha participação de uma fundação panamenha também controlada pelo ex-presidente do Barcelona. Ricardo Teixeira e a sua mulher, destacou a juíza, chegaram a ter dois cartões Visa Platinum vinculados a uma conta da Uptrend.

Esta empresa de Rosell figurava no contrato como intermediária na negociação para que a companhia do xeque saudita adquirisse as partidas, mas, segundo Lamela, não tinha "infraestrutura" para esta atividade de eventos esportivos.

Os 8,4 milhões de euros seguiram depois para contas em Andorra vinculadas a Teixeira e outros dois testas de ferro processados - Pedro Andrés Ramos e Josep Colomer -, relatou a juíza no auto.

Quanto ao contrato de patrocínio da seleção brasileira assinado pela CBF com a Nike, no qual uma sociedade de Rosell (Ailanto) figurava como intermediária, a magistrada descreveu uma série de operações em uma conta de Andorra vinculada ao ex-presidente do Barcelona para ocultar o pagamento de cinco milhões de euros a Teixeira.

Rosell alegou que esse dinheiro era a devolução a Teixeira de um empréstimo recebido em 2008, mas a juíza não acredita nessa versão. Segundo o auto, parte desses cinco milhões (724 mil euros) foi parar em contas do ex-secretário-geral da Fifa Jérôme Valcke, investigado por corrupção.

A magistrada lembrou que a Nike esteve envolvida em uma investigação nos Estados Unidos como suposta tesoureira de comissões ilícitas a Ricardo Teixeira, em relação à obtenção por parte da marca esportiva do contrato de patrocínio da seleção brasileira.

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