O ex-presidente de direita governou o país entre 2002 e 2010 (Fredy Builes/Reuters)
AFP
Publicado em 1 de agosto de 2018 às 11h12.
O influente ex-presidente Álvaro Uribe, líder do partido do presidente eleito da Colômbia, pediu nesta quarta-feira ao Senado que não vote sua renúncia, depois de anunciar na semana passada que deixaria o Congresso por uma investigação penal que envolve seu nome.
He pedido al senador Ernesto Macías, Presidente de la Corporación, que retenga sin considerar mi carta de renuncia. Por razones de honor nunca ha estado en mi mente que la Corte Suprema deje de conocer el caso para el cual me citan a indagatoria
— Álvaro Uribe Vélez (@AlvaroUribeVel) August 1, 2018
Em uma mensagem no Twitter, Uribe solicitou ao presidente do Senado, Ernesto Macías, integrante de seu partido, que "retenha sem considerar" sua carta de renúncia.
Mas não explicou se esta é uma decisão temporária ou definitiva.
O popular ex-presidente de direita, que governou o país entre 2002 e 2010, deu a entender que no momento permanecerá no Senado para que a investigação pelos supostos crimes de suborno e fraude processual continue com a Corte Suprema do país.
"Por razões de honra nunca passou pela minha cabeça que a Corte Suprema deixe de examinar o caso no qual fui citado no inquérito", escreveu.
No dia 24 de julho, Uribe surpreendeu ao anunciar sua renúncia ao Congresso depois de ser vinculado formalmente a um processo penal.
A decisão da Corte Suprema, responsável por julgar os congressistas, abalou o grupo que formará o próximo governo, a poucos dias da posse de Iván Duque, sucessor político de Uribe, como novo presidente da Colômbia em 7 de agosto.
Uribe, 66 anos, fundador do partido Centro Democrático, prestou juramento para o segundo mandato como senador em 20 de julho, depois de receber a maior votação nas eleições legislativas de março.
A justiça o investiga por um caso ocorrido em 2012.
Naquele ano, apresentou uma denúncia contra o congressista de esquerda Iván Cepeda à Corte Suprema por um suposto complô com testemunhas falsas.
De acordo com Uribe, com esta manobra seu adversário político tentou envolvê-lo em atividades criminosas dos grupos de extrema-direita que lutara por décadas contra as guerrilhas.
Em uma virada inesperada, a justiça decidiu não processar Cepeda e abriu, em fevereiro, uma investigação prévia contra o ex-presidente sob a mesma suspeita: manipular testemunhas contra seu opositor.
A lei pune com penas de até oito anos de prisão os delitos pelos quais será investigado o ex-presidente, o político mais influente deste século na Colômbia e que, por meio de Iván Duque, conseguiu recuperar o poder para a direita mais crítica ao processo de paz com a dissolvida guerrilha das Farc.
Uribe, que sempre alegou inocência, foi convocado a comparece à Corte Suprema no dia 3 de setembro.