Rodrigo Duterte: o ex-agente prestou depoimento sobre as supostas execuções extrajudiciais em Davao (Erik De Castro/Reuters)
EFE
Publicado em 6 de março de 2017 às 11h39.
Manila - Um ex-policial das Filipinas garantiu nesta segunda-feira ter matado 200 pessoas como parte dos "esquadrões da morte" supostamente criados e dirigidos pelo presidente Rodrigo Duterte quando era prefeito da cidade sulina de Davao.
Arturo Lascañas, agente da Polícia Nacional até dezembro do ano passado e que diz ter sido braço direito de Duterte, prestou depoimento no início de uma investigação no Senado sobre as supostas execuções extrajudiciais em Davao.
O ex-policial, que há duas semanas já acusou Duterte perante o Senado de ser o cérebro desses assassinatos, declarou hoje que no total matou 300 pessoas, das quais pelo menos 200 foram pelos chamados "esquadrões da morte" até 2015, segundo seu testemunho televisionado ao vivo.
Interrogado pelos senadores, Lascañas negou possuir uma lista dos executados, mas mencionou casos concretos nos quais os assassinatos teriam sido ordenados por Duterte.
Rodrigo Duterte foi prefeito da cidade de Davao, com uma população de 1,5 milhão de habitantes, durante 22 anos em vários períodos entre 1988 e 2016.
Sob seu comando, a cidade experimentou uma rápida modernização e uma queda da criminalidade, ao mesmo tempo que se produziram mais de mil execuções extrajudiciais de supostos delinquentes e opositores ao prefeito, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
Em uma primeira investigação no Senado, Lascañas negou em outubro do ano passado a existência dos esquadrões da morte.
No entanto, no último dia 20 de fevereiro se retratou em uma inesperada confissão perante a câmara alta, onde assinalou Duterte como cérebro dos "esquadrões da morte" e lhe acusou de ter contratado matadores para assassinar opositores.
Quando o Senado averiguou no ano passado o assunto dos "esquadrões da morte de Davao" não encontrou evidências suficientes para demonstrar sua existência.
O testemunho de Lascañas serviu para revisar o caso depois que outro ex-membro arrependido dos esquadrões, Edgar Matobato, acusou Duterte pela primeira vez pelos assassinatos em dezembro do ano passado perante o defensor público.