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Ex-papa Bento XVI rompe silêncio e defende permanência do celibato

Bento XVI defendeu o celibato do clero da Igreja Católica, contrariando proposta feita durante o sínodo da Amazônia e que será analisada pelo papa Francisco

Bento XVI: ex-papa afirmou que "não parece possível cumprir as duas vocações (o sacerdócio e o casamento) simultaneamente" (Alessandro Bianchi/Reuters)

Bento XVI: ex-papa afirmou que "não parece possível cumprir as duas vocações (o sacerdócio e o casamento) simultaneamente" (Alessandro Bianchi/Reuters)

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Reuters

Publicado em 13 de janeiro de 2020 às 11h35.

Cidade do Vaticano — Em um novo livro escrito com um cardeal conservador, o ex-papa Bento XVI defende o celibato do clero da Igreja Católica, o que pareceu ser um apelo calculado para o papa Francisco não mudar as regras.

Bento XVI escreveu "Do Fundo de Nossos Corações" com o cardeal Robert Sarah, prelado de Guiné de 74 anos que comanda a Congregação para o Louvor Divino e a Disciplina dos Sacramentos do Vaticano.

Trechos foram publicados no domingo no site do jornal francês Le Figaro. O Vaticano não comentou de imediato o livro, que deve ser lançado nesta segunda-feira.

Em outubro, o documento final de um assembleia de bispos católicos, ou sínodo, sobre a Amazônia propôs que homens casados da região remota possam ser ordenados como padres, o que provocaria uma mudança histórica na disciplina de celibato vigente há séculos na Igreja.

O papa Francisco a cogitará, assim como muitas outras propostas sobre questões que emergiram durante o sínodo, incluindo o meio ambiente e o papel das mulheres, em um documento de sua autoria, conhecido como Exortação Apostólica, que deve ser publicado em poucos meses.

Em 2013, quando se tornou o primeiro papa a renunciar em 700 anos, Bento XVI, que mora no Vaticano e está com 92 anos e saúde frágil, prometeu se manter "escondido do mundo".

Mas ele deu entrevistas, escreveu artigos e contribuiu com livros, na prática rompendo a promessa e animando os conservadores -- alguns dos quais não reconhecem a legitimidade de Francisco.

Massimo Faggioli, teólogo da Universidade Villanova dos Estados Unidos, considerou o livro "uma violação grave" do antigo pontífice, que prometeu "reverência e obediência incondicional" ao sucessor.

Em sua parte do livro, Bento XVI diz que o celibato, que se tornou uma tradição estável na Igreja somente cerca de 1 mil anos atrás, tem "grande significado" porque permite que um padre se concentre em sua vocação. Ele disse que "não parece possível cumprir as duas vocações (o sacerdócio e o casamento) simultaneamente".

Em uma introdução conjunta, os dois religiosos dizem que não poderiam silenciar a respeito do sínodo de outubro, que em alguns momentos provocou choques entre veículos de mídia católicos progressistas e conservadores, sublinhando a polarização na Igreja de 1,3 bilhão de fiéis.

A proposta sugere que homens casados mais velhos que já são diáconos da Igreja, têm um relacionamento familiar estável e são líderes comprovados de suas comunidades sejam ordenados depois de uma formação adequada.

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