O mordomo Paolo Gabriele (C), em seu julgamento no Vaticano: "se não apresentar recursos nos próximos dias, Gabriele cumprirá pena dentro do Vaticano", disse porta-voz (AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2012 às 11h49.
Cidade de Vaticano - O ex-mordomo do Papa Bento XVI, Paolo Gabriele, condenado a 18 meses de prisão por "roubo agravado", cumprirá a pena em uma cela do Vaticano, informou nesta terça-feira o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
O Vaticano divulgou também o texto da sentença do Tribunal da Santa Sé, que estabelece que a pena será contada a partir da reclusão, em maio.
Lombardi explicou que, em consequência da gravidade da condenação, Gabriele não será beneficiado pela liberdade condicional.
O ex-mordomo do Papa, de 46 anos, com cidadania do Vaticano, foi condenado em 6 de outubro a um ano e meio de prisão por roubar centenas de documentos confidenciais do Sumo Pontífice e de seu secretário, que foram repassados à imprensa.
O Tribunal do Vaticano condenou Gabriele a três anos de prisão, mas reduziu a pena à metade ao conceder atenuantes. A sentença ainda pode ser alterada, já que os prazos para apresentar recursos não chegaram ao fim.
O laico mais próximo a serviço do Papa permanece em prisão domiciliar com a família dentro do Vaticano e não está descartada a possibilidade de clemência do pontífice.
"Se não apresentar recursos nos próximos dias, Gabriele cumprirá pena dentro do Vaticano. Várias celas da gendarmaria foram equipadas para recebê-lo", disse Lombardi.
O porta-voz papal reiterou a possibilidade de perdão.
"É uma possibilidade, mas ninguém sabe".
Gabriele deverá pagar também o custo do processo, de quase 1.000 euros.
O julgamento do mordomo do Papa deixou mais dúvidas que respostas sobre o chamado "Vatileaks", o caso de divulgação de documentos confidenciais do Vaticano que, segundo os analistas, não pode ser considerado concluído.
O julgamento evidenciou um ambiente de descontentamento e frustração no círculo próximo ao Papa e não dissipou a suspeita de que, por trás do caso, estava sendo organizado um complô contra alguns setores da hierarquia eclesiástica.
O suposto cúmplice de Gabriele, o técnico de informática Claudio Sciarpelletti, será julgado a partir de 5 de novembro.