Guatemala: Pimentel é o quinto ex-militar condenado pelo massacre em Dos Erres (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2012 às 07h42.
Guatemala - A Justiça da Guatemala condenou nesta segunda-feira a 6.060 anos de prisão o ex-militar Pedro Pimentel por sua participação no massacre de 201 camponeses em 7 de dezembro de 1982 em uma comunidade do norte do país.
Pimentel foi sentenciado a 30 anos por cada um dos 201 assassinatos e a outros 30 por uma acusação de delitos contra a humanidade, mas o Código Penal da Guatemala contempla pena máxima de 50 anos de prisão.
O massacre aconteceu na comunidade Dos Erres, no município de La Liberdade, no departamento de Petén, durante o regime de general golpista José Efraín Ríos Montt (1982-1983).
Ríos Montt enfrenta um processo judicial por genocídio cometido durante seu regime e se encontra desde janeiro passado em detenção domiciliar.
Horas antes da sentença, Pimentel, extraditado desde os Estados Unidos em julho de 2011, se declarou inocente e assegurou que no dia do massacre se encontrava como agregado à Guarda de Honra na capital guatemalteca.
'Venho negar minha participação', disse Pimentel, de 55 anos e ex-membro da Escola Kaibil, um corpo de elite do Exército guatemalteco treinado em contra-insurgência e cujos membros, segundo um dos peritos, o general reformado peruano Rodolfo Robles, eram 'máquinas de matar'.
O advogado do ex-militar, Manuel Lima, pedira a absolvição de seu cliente ao sustentar que durante o julgamento, iniciado em 23 de fevereiro, não se pôde demonstrar com provas materiais a participação de Pimentel.
No entanto, os ex-membros da Escola Kaibil Cesar Franco e Fabio Pinzón, principais testemunhas do processo e que segundo a Promotoria também participaram da patrulha que cometeu o massacre, asseguraram na acareação que Pimentel esteve em Dos Erres e que inclusive 'fez uma demonstração de como se matava uma pessoa'.
Pimentel é o quinto ex-militar condenado pelo massacre em Dos Erres, um dos 660 que, segundo a Comissão do Esclarecimento Histórico (CEH), foram cometidos na Guatemala durante o conflito armado (1960-1996) que deixou cerca de 250 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos.
Em 2 de agosto, outro tribunal condenou quatro ex-militares guatemaltecos a 6.060 anos de prisão cada um pelo massacre dos 201 camponeses em 1982.
Trata-se de Daniel Martínez, Manuel Pop, Reyes Collin e Carlos Carías, todos eles ex-integrantes da Escola Kaibil.