Comey: ex-diretor do FBI reabriu, uma semana antes da eleição de 2016, investigação sobre à eliminação de e-mails de um servidor privado que Hillary usou quando era secretária de Estado (Jim Bourg/Reuters)
AFP
Publicado em 14 de junho de 2018 às 17h16.
James Comey, ex-diretor do FBI, se afastou dos procedimentos adequados nas investigações de 2016 sobre os e-mails da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, mas não teve motivações políticas, de acordo com um relatório divulgado nesta quinta-feira (14).
Segundo o gabinete do inspetor-geral do Departamento de Justiça, Comey foi "insubordinado", mas não foi encontrada nenhuma evidência de motivação política para influenciar o resultado da eleição presidencial daquele ano.
O então diretor do FBI provocou um terremoto político ao reabrir, apenas uma semana antes da eleição de 2016, uma investigação sobre as denúncias relativas à eliminação de e-mails de um servidor privado que Hillary usou quando era secretária de Estado.
Hillary considerou que essa decisão foi uma das causas de sua derrota para Donald Trump.
Entretanto, depois das eleições, o novo presidente e Comey entraram em rota de colisão quando o diretor do FBI iniciou uma investigação sobre o suposto conluio do comitê eleitoral de Trump com funcionários russos durante a campanha.
Comey foi sumariamente demitido por Trump e, desde então, o presidente insiste que o FBI continua cheio de agentes favoráveis ao Partido Democrata e irritados com o resultado das eleições.
Segundo o relatório de 568 páginas divulgado nesta quinta, "em momentos essenciais o então diretor Comey optou por se desviar das normas e dos procedimentos do FBI e seguiu seu próprio processo subjetivo de tomada de decisão".
Embora esses gestos "não tenham o resultado de tendência política da parte de Comey", tiveram um "impacto negativo na percepção do FBI e deste Departamento como administradores da Justiça", apontou.
Em um capítulo que parece reforçar as insistentes declarações do presidente, o relatório sustenta que agentes do FBI trocaram mensagens que mostram "um estado mental tendencioso" que os deixou "propensos a tomar atitudes" para prejudicar a campanha de Trump.
"Isso contradiz os valores centrais do FBI e do Departamento de Justiça", sustentou o documento.