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Ex-chanceler planejava retirar metade dos turcos da Alemanha

Helmut Kohl, ex-chanceler alemão, planejava enviar de volta para casa metade dos turcos na Alemanha em troca de compensação monetária, segundo jornal


	Helmut Kohl, ex-primeiro ministro da Alemanha: de acordo com a fonte, Kohl abordou esse plano com a então chefe do Governo britânica, Margaret Thatcher, durante uma visita de trabalho
 (Sean Gallup/Getty Images)

Helmut Kohl, ex-primeiro ministro da Alemanha: de acordo com a fonte, Kohl abordou esse plano com a então chefe do Governo britânica, Margaret Thatcher, durante uma visita de trabalho (Sean Gallup/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2013 às 10h06.

Berlim - O ex-chanceler alemão Helmut Kohl planejou enviar de volta a seu país metade dos turcos da Alemanha em troca de uma compensação monetária, informou a revista "Der Spiegel", baseada em documentos da espionagem britânica.

De acordo com a fonte, Kohl abordou esse plano com a então chefe do Governo britânica, Margaret Thatcher, durante uma visita de trabalho em Bonn e quando ele estava há apenas quatro semanas na Chancelaria.

O documento ao qual "Der Spiegel" se refere tem a data de 28 de outubro de 1982 e apresenta o rótulo de "secreto", além da nota escrita à mão pelo funcionário encarregado de sua redação em que se especificava "não distribuir".

Segundo o protocolo, Kohl falou com Thatcher de seu propósito de reduzir o número de turcos no país aproximadamente pela metade em um prazo de quatro anos por considerar impossível "assimilar" tão alto número de imigrantes na sociedade alemã.

Nesse momento viviam na Alemanha cerca de 1,5 milhão de turcos e Kohl pretendia convidar centenas de milhares deles a voltar para seu país de origem com o pagamento de uma compensação.

Nessa conversa estavam presentes apenas quatro pessoas: Kohl, Thatcher, o assessor do chanceler, Horst Teltschik, e o da premiê britânica, A.J. Cole.

Um ano depois desse encontro, o Governo de Kohl aprovou uma lei para "favorecer o retorno" dos imigrantes, aos quais se ofereciam 10.500 marcos, além da restituição das cotas de aposentadoria liquidadas.

O protocolo ao qual "Der Spiegel" se refere foi desclassificado agora, 30 anos depois, de acordo com os prazos estabelecidos para os documentos confidenciais, motivo pelo qual a revista pôde ter acesso a sua leitura.


Nesse documento se explica, além disso, que Kohl considerava que não era um problema para a Alemanha a chegada de "portugueses, italianos, e inclusive imigrantes procedentes do sudeste asiático", por ser mais fácil sua integração.

"Os turcos por outro lado procedem de uma cultura diferente", segundo se cita no protocolo, de acordo com o qual o chanceler mencionou entre os problemas existentes para a assimilação destes imigrantes a prática dos casamentos arranjados.

A primeira onda de imigrantes turcos chegou à Alemanha no começo dos anos 60, após um acordo entre a República Federal da Alemanha (Alemanha) e Turquia para favorecer a chegada desta mão de obra.

Anteriormente se tinha assinado um acordo similar com a Itália, em 1955, ao que seguiram outros com Portugal e Grécia, já nos anos 60, sempre sob a premissa de que se tratavam de trabalhadores "convidados" - segundo o termo "Gastarbeiter" - por um tempo determinado.

Dessa primeira onda se passou aos atuais cerca de três milhões de cidadãos de origem turca na Alemanha, uma terça parte dos quais já nascidos nesse país.

Com a flexibilização das leis de estrangeiros, sob o Governo do social-democrata Gerhard Schröder (1998-2005), se possibilitou o acesso à nacionalidade alemã desse grupo, condicionado a que renunciassem à de origem.

Kohl tem uma nora turca, filha de um banqueiro de Istambul, com a qual seu filho Peter se casou em 2001.

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