Michael Cohen (Lucas Jackson/Reuters)
Reuters
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 11h25.
Última atualização em 22 de agosto de 2018 às 11h28.
WASHINGTON (Reuters) - Michael Cohen, ex-advogado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não aceitaria um perdão presidencial, disse o advogado dele nesta quarta-feira, um dia depois de Cohen se declarar culpado de oito acusações criminais e dizer ter agido sob orientação de Trump.
Em uma série de entrevistas na televisão, o advogado de Cohen, Lanny Davis, disse que o ex-advogado de longa data de Trump não quer ter nenhuma ligação com o que vê como um abuso presidencial do poder de clemência por Trump.
Cohen também questionou a lealdade de Trump aos EUA e o considera inepto para o cargo, acrescentou Davis.
"Ele não quer nem irá querer nada de Donald Trump", afirmou Davis à rede MSNBC.
No depoimento dramático que deu na terça-feira, Cohen disse a um tribunal federal de Manhattan que Trump o instruiu a planejar pagamentos antes da eleição presidencial de 2016 para silenciar duas mulheres que disseram ter tido um caso com o então candidato. Ele admitiu sua culpa em acusações de sonegação fiscal, fraude bancária e violações de finanças de campanha.
Sua confissão coincidiu com a ocasião em que Paul Manafort, ex-gerente de campanha de Trump, foi condenado por oito acusações em um julgamento de fraude tributária derivado de uma investigação federal sobre interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016 e uma possível coordenação com a campanha de Trump.
As duas condenações aumentam a pressão política sobre o presidente e seus colegas republicanos antes das eleições parlamentares de novembro, nas quais os democratas almejam retomar o controle do Congresso, e sobre Trump pessoalmente.
Representantes da Casa Branca não responderam de imediato a pedidos de comentário indagando se Trump cogitaria perdoar Cohen, mas o próprio Trump rejeitou seu ex-advogado em uma postagem no Twitter nesta quarta-feira.
"Se alguém estiver procurando um bom advogado, sugiro enfaticamente que não contrate os serviços de Michael Cohen!", disse.
If anyone is looking for a good lawyer, I would strongly suggest that you don’t retain the services of Michael Cohen!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 22, 2018
Rudy Giuliani, atual consultor de Trump, disse não haver alegação de irregularidade nas acusações contra Cohen.
Embora Cohen não tenha mencionado Trump no tribunal na terça-feira, Davis voltou a acusar o presidente nesta quarta-feira de estar diretamente envolvido.
Davis disse acreditar que Cohen tem informações que seriam de interesse do procurador especial Robert Mueller, e na entrevista que concedeu à MSNBC nesta quarta-feira insinuou estarem diretamente ligadas às tentativas russas de interferir na votação de 2016.