A líder da entidade denunciou Schoklender no ano passado na Justiça por suposta fraude e lavagem de dinheiro (©AFP / Str)
Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2012 às 19h01.
Buenos Aires - Sergio Schoklender, ex-advogado da Fundação das Mães da Praça de Maio, aliadas do governo da Argentina, foi preso nesta terça-feira acusado de fraude e associação ilícita pelo desvio de recursos públicos destinados à entidade humanitária.
Schoklender, de 53 anos, foi preso ao depor pela primeira vez diante do juiz Norberto Oyarbide, informou a agência Notícias Argentinas, citando fontes vinculadas ao caso.
O juiz investiga uma suposta fraude à entidade em um programa de construção de milhares de moradias populares com fundos aportados pelo Estado, que somam cerca de 700 milhões de pesos (165 milhões de dólares).
Oyarbide também ordenou a prisão de Pablo Schoklender, irmão de Sérgio, segundo a agência.
Schoklender, que foi preso com seu irmão nos anos 1980 pelo assassinato de seus pais, é acusado de desviar recursos públicos da fundação com os quais teria comprado 17 terrenos, uma Ferrari 430, dois aviões e uma embarcação.
Antes de entrar nesta terça-feira no escritório de Oyarbide, Sérgio Schoklender disse aos jornalistas: "vou depor e responder tudo o que me perguntarem".
O juiz investiga se os fundos concedidos pelo Estado para o programa Sonhos Compartidos, de construção de moradias sociais, foram desviados por Schoklender através de duas empresas para a compra de bens e empreendimentos privados.
A entidade humanitária, conhecida internacionalmente por exigir a busca pelos filhos de suas integrantes desaparecidos na ditadura (1976-83), foi envolvida no escândalo, mas nenhuma de suas integrantes foi acusada.
Nenhuma fonte do julgamento confirmou no momento a prisão do ex-advogado das Mães, em uma consulta feita pela AFP.
Entre as 20 pessoas citadas a depor pelo juiz Oyarbide está a filha da líder, María Alejandra Bonafini, que dirigiu a Fundação Mães da Praça de Maio depois do escândalo e de Schoklender renunciar, apesar de em 28 de setembro passado ela também ter pedido demissão.
Bonafini, de 83 anos, tem uma estreita relação pessoal e política com a presidente Kirchner, cujo governo impulsionou dezenas de causas por crimes contra a humanidade cometidos durante o regime ditatorial.
A líder da entidade denunciou Schoklender no ano passado na Justiça por suposta fraude e lavagem de dinheiro, enquanto o ex-advogado contra-atacou acusando-a de desviar dinheiro da organização para o financiamento político do governismo e de ter contas bancárias no exterior.
No fim de abril passado, foi comemorado o 35º aniversário da primeira manifestação realizada pelas Mães exigindo seus filhos desaparecidos em plena ditadura na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada (governo).
Desde então, rondas foram mantidas todas as quintas-feiras de forma ininterrupta no passeio público do centro histórico de Buenos Aires.
Cerca de 30.000 opositores desapareceram durante o regime militar, segundo organizações humanitárias.