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Evo Morales: um indígena com discurso anticapitalista

O governante representa um modelo de gestão que tem como objetivo declarado acabar com a exclusão dos camponeses e trabalhadores do exercício do poder


	Evo Morales, presidente da Bolívia: o governante aymara quer acabar com a exclusão dos camponeses e trabalhadores do exercício do poder
 (Gaston Brito/Reuters)

Evo Morales, presidente da Bolívia: o governante aymara quer acabar com a exclusão dos camponeses e trabalhadores do exercício do poder (Gaston Brito/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2016 às 13h49.

Evo Morales chegou ao poder em 2006, com o simbolismo de ser o primeiro presidente indígena da Bolívia e um discurso anticapitalista. Agora, pretende apresentar suas conquistas para continuar no poder.

O governante aymara, nascido há 56 anos em Orinoca, uma localidade remota dos Andes bolivianos, representa um modelo de gestão que tem como objetivo declarado acabar com a exclusão dos camponeses e trabalhadores do exercício do poder.

Em 2006 nacionalizou os hidrocarbonetos, que estavam nas mãos de empresas estrangeiras, como a brasileira Petrobras e a espanhola Repsol, e iniciou um fluxo milionário de recursos para o fisco, que serviu para a criação de bônus sociais e o planejamento de investimentos para industrializar o país, centenário monoprodutor de matérias-primas.

No cenário internacional, Morales decidiu fortalecer as relações com países como Cuba, Venezuela e Irã e congelou ao máximo os vínculos com os Estados Unidos.

"Aquí não governam os gringos, aqui governam os índios", declarou esta semana, em uma de suas várias aparições públicas para promover a reforma constitucional que permitiria sua candidatura nas eleições gerais de 2019, para um novo mandato de cinco anos (2020-2025).

Morales expulsou em 2008 o embaixador dos Estados Unidos e a agência antidrogas DEA. Em 2013 foi a vez do programa de ajuda do governo americano (USAID), ao mesmo tempo que estreitava os laços com Havana e Caracas.

O presidente boliviano se alinhou ao bloco regional de esquerda Alianza Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA), criada pelo falecido presidente venezuelano Hugo Chávez, ao lado dos colegas Rafael Correa do Equador e Daniel Ortega de Nicarágua, com um discurso antiamericano.

Morales, sem formação universitária, também levou para os fóruns internacionais um discurso de defesa da terra e da folha de coca, a planta milenar que o catapultou como líder dos camponeses bolivianos.

Seu governo processou em 2013 o Chile no Tribunal Internacional de Justiça de Haia para solucionar a falta de saída marítima do país, situação provocada pela guerra entre os dois países no fim do século XIX.

O chefe de Estado organizou em 2014 uma reunião de cúpula do grupo G77+China contra a pobreza. Também foi o anfitrião de vários eventos globais de organizações indígenas e sindicais de esquerda.

Morales já bateu todos os recordes no país, como o fato de ser o presidente com maior tempo no poder, e pretende conquistar mais cinco anos, ao fim do atual e terceiro mandato em 2020.

Mas ele precisa vencer um referendo vital no domingo para reformar a Constituição, marcado por denúncias de opositores de tráfico de influência a favor de uma ex-amante e por supostamente desejar perpetuar-se no poder.

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