Presidente Evo Morales pediu para as Forças Armadas guardar as instalações da companhia (Jorge Bernal/ AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de maio de 2012 às 14h25.
La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales, anunciou nesta terça-feira a desapropriação das ações que a Rede Elétrica Espanhola (REE) possui em uma empresa transportadora de energia no país e ordenou que as Forças Armadas protejam as instalações da companhia.
'Como justa homenagem aos trabalhadores e ao povo boliviano que lutou pela recuperação dos recursos naturais e dos serviços básicos, nacionalizamos a Transportadora de Eletricidade' (TDE), disse Morales em um ato pelo Dia do Trabalho no Palácio do Governo de La Paz.
O governante fez o anúncio da desapropriação da TDE poucas horas antes de inaugurar com o presidente da companhia petrolífera espanhola Repsol, Antonio Brufau, a segunda unidade processadora de gás de Campo Margarita, no sul da Bolívia, o que permitirá aumentar as exportações à Argentina.
O decreto aprovado hoje estabelece a 'nacionalização' da 'totalidade das ações que formam o pacote acionário da sociedade Rede Elétrica Internacional-SAU', filial da REE, e instrui seu registro em nome da Empresa Nacional de Eletricidade (ALI), estatal.
Morales justificou a desapropriação afirmando que considerou baixo o investimento da empresa espanhola - US$ 81 milhões para 16 anos.
Após ler o decreto, o presidente boliviano pediu ao comandante das Forças Armadas, general Tito Gandarillas, 'assumir o controle das instâncias de administração e operação da TDE'.
'É obrigação das Forças Armadas recuperar a eletricidade para o povo boliviano', acrescentou.
A empresa elétrica espanhola adquiriu 99,94% das ações da TDE em 2002, e o restante ficou nas mãos dos trabalhadores da firma boliviana.
A TDE é proprietária e operadora do Sistema Interconectado Nacional boliviano de eletricidade, que atende 85% do mercado nacional e possui 73% das linhas de transmissão na Bolívia.
Morales expropriou em 2010 as ações de quatro empresas geradoras de eletricidade, incluindo duas filiais da francesa GDF Suez e da britânica Rurelec, o que levou a Bolívia à Corte de Haia.
Além das companhias elétricas, o governante nacionalizou várias outras empresas de petróleo, gás e mineração desde que chegou ao poder, em 2006.