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Evo Morales diz ser vítima de 'guerra jurídica brutal' após nova ordem de prisão

Líder cocaleiro de 65 anos foi acusado do crime de 'tráfico de pessoas qualificado', conforme informou o Ministério Público (MP) na segunda-feira

O ex-presidente boliviano Evo Morales (AFP/AFP)

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Agência o Globo
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Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 14h29.

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O ex-presidente da Bolívia Evo Morales (2006-2019) disse nesta terça-feira ser "vítima de uma brutal guerra jurídica" orquestrada pelo atual presidente Luis Arce, seu ex-aliado, após o Ministério Público pedir sua prisão pelo escândalo do suposto abuso de uma menor enquanto estava no poder.

O líder cocaleiro de 65 anos foi acusado do crime de "tráfico de pessoas qualificado", conforme informou o Ministério Público (MP) na segunda-feira.

"Denuncio ao mundo que sou vítima de uma brutal Guerra Jurídica (lawfare) executada pelo Governo de Luis Arce que se comprometeu a me entregar como troféu de guerra aos EUA", escreveu Morales no X. "Estou sofrendo há algum tempo um constante bombardeio de difamação e insultos", acrescentou Morales, que em outubro denunciou uma suposta tentativa de atentado contra sua vida. "O Governo tem um exército de promotores, juízes, policiais e militares que não buscam apenas me eliminar política e moralmente, mas fisicamente", finalizou.

A promotora à frente do caso também solicitou uma "medida excepcional de prisão preventiva por seis meses em uma prisão pública".

De acordo com acusação feita pela promotora no departamento de Tarija, Morales manteve relações sexuais com uma jovem de 15 anos em 2015, quando ainda ocupava a Presidência, e teve um filho com ela um ano depois, a quem registrou legalmente. O inquérito aponta que o então presidente teria tido o "aval" dos pais da jovem para as relações, em troca de supostas vantagens políticas, e o crime passou a ser tipificado como tráfico de pessoas, que pode ser investigado sem uma denúncia prévia da vítima ou seus parentes, como exige a lei em casos de estupro.

A investigação formal começou no dia 26 de setembro, quando uma ordem de prisão chegou a ser emitida pelo Ministério Público contra Morales, mas acabou derrubada por um juiz: na ocasião, o magistrado afirmou que o ex-presidente não fora comunicado devidamente sobre o inquérito, e além de anular o pedido de prisão, determinou o afastamento da promotora.

Contudo, um outro magistrado determinou o retorno de Sandra Gutiérrez ao cargo, que novamente convocou Morales para prestar depoimento — o ex-presidente considera a acusação como “mais uma mentira” orquestrada pelo governo do atual chefe de Estado, antigo aliado e hoje rival, Luis Arce, para tirá-lo da disputa pelo governo no ano que vem. Arce e Morales travam uma batalha pelo controle do Movimento ao Socialismo (MAS), sigla que comanda a Bolívia e que almeja se manter no poder após a votação do ano que vem.

Depois do anúncio de que Morales estava sendo investigado, apoiadores organizaram uma série de bloqueios e protestos para denunciar o que consideravam ser uma “perseguição judicial” contra o ex-presidente.

Ao mesmo tempo, o ex-presidente passou a concentrar suas atividades na região de Chapare, seu reduto político, e chegou a denunciar um ataque a tiros sofrido no final de outubro, creditado por ele a “agentes do Estado boliviano” que queriam prendê-lo. O governo Arce, por sua vez, disse que o antigo aliado estava protagonizando um “teatro”.

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