Agência de Notícias
Publicado em 31 de março de 2025 às 20h28.
Apoiadores do ex-presidente da Bolívia Evo Morales anunciaram nesta segunda-feira, 31, que criarão com ele o partido político "Evo Pueblo", em meio a uma batalha com a legenda governista, que já foi liderada por ele, e em um ano eleitoral.
Eles também disseram que vão denunciar o atual presidente boliviano, Luis Arce, para que sua família e suas supostas “fortunas” sejam investigadas.
Morales fundou e comandou por 30 anos o partido governista Movimento ao Socialismo (MAS), mas perdeu a liderança porque o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) reconheceu Grover García, um aliado de Arce, como o novo presidente da legenda em 2024.
O ex-presidente boliviano é agora pré-candidato à presidência do país nas eleições de 17 de agosto pelo partido Frente para a Vitória (FPV), com o qual ele assinou um acordo temporário.
O anúncio da fundação do partido Evo Pueblo foi realizado em um congresso que contou com a presença de centenas de simpatizantes do ex-presidente na cidade de Villa Tunari, no Trópico de Cochabamba, reduto político e sindical de Morales.
Os aliados de Morales também prometeram denunciar à Justiça o presidente do país, Luis Arce, o vice-presidente, David Choquehuanca, as famílias de ambos e o gabinete de ministros com o objetivo de abrir um “julgamento de responsabilidades” para que “suas fortunas” possam ser “investigadas”.
Eles também determinaram que Morales será o “candidato único” para as eleições gerais e o nomearam como o “símbolo da resistência ideológica, política e indígena” no país.
Outra das resoluções do congresso foi “convocar uma grande mobilização para o registro da candidatura, com o acompanhamento de organizações sociais, moradores e do povo em geral”.
De acordo com os partidários de Morales, também será construída a primeira escola de formação política ideológica, que será a “vanguarda” para socializar a “tese política e o novo estatuto orgânico de ‘Evo Pueblo’” a todos os “militantes”.
No último fim de semana, o MAS, agora sob liderança informal de Arce, realizou um congresso em La Paz pela primeira vez sem Evo Morales e decidiu modificar seu estatuto, abrindo espaços para novos líderes jovens e para mais organizações sociais que queiram se juntar ao partido.
O partido governista boliviano começou a se dividir após a crise política de 2019 que levou à renúncia de Morales à presidência do país e seu exílio no México e na Argentina.
Arce e Morales começaram a se distanciar no final de 2021 devido a diferenças sobre a candidatura presidencial do MAS e a decisões do governo.