Bashar al-Assad: os chefes da diplomacia da UE também aprovaram novas sanções contra a Síria ao congelar os fundos e negar vistos a 28 pessoas próximas a Assad (AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2012 às 15h22.
Luxemburgo - A União Europeia (UE) aprovou nesta segunda-feira um arsenal de sanções contra o Irã por causa de seu polêmico programa nuclear, com objetivo de forçar Teerã a voltar à mesa de negociações, em uma reunião em Luxemburgo, em que também foi reforçada a pressão sobre a Síria.
As sanções buscam persuadir o Irã a "responder às preocupações sobre seu programa nuclear", informou a UE em um comunicado divulgado após a reunião dos 27 ministros das Relações Exteriores em Luxemburgo.
"As medidas restritivas estabelecidas buscam afetar o programa nuclear iraniano e os fundos do regime iraniano para financiar o programa", acrescentou. "Não estão dirigidas à população civil", esclareceu.
As telecomunicações, as transações financeiras, o gás, o transporte e o comércio: a ideia é afundar todos os setores que se beneficiam e fazem parte do programa nuclear iraniano.
A UE incluiu 34 empresas e uma pessoa do governo iraniano em sua lista negra, que podem ter seus bens congelados e não receber vistos para viajar à Europa.
As sanções "aumentarão a pressão e vamos continuar fazendo isso nos próximos meses (...), exceto se as negociações forem bem sucedidas", afirmou o chanceler britânico, William Hague.
Contudo, o Irã - que insiste que seu programa nuclear é desenvolvido para fins pacíficos - alertou recentemente que o Ocidente pagará pelas sanções que impostas.
Sob suspeita de que o Irã pretenda fabricar armas atômicas, os países ocidentais impuseram progressivamente, há dois anos, um embargo econômico contra o Irã, que provocou a queda das exportações e da produção de petróleo, principal riqueza do país, a desvalorização da moeda devido à escassez de divisas, a desaceleração da economia e aumento do desemprego.
As negociações entre Irã e as grandes potências estão paralisadas há vários anos.
Os chefes da diplomacia da UE também aprovaram novas sanções contra a Síria ao congelar os fundos e negar vistos a 28 pessoas próximas a Assad.
As sanções apontam também para duas empresas suspeitas de contribuir com o financiamento do regime e com a sangrenta repressão à oposição, mas os europeus não conseguiram eliminar suas divergências com a Rússia, aliada histórica de Damasco, depois de um jantar informal no domingo entre os ministros da UE e o chanceler russo, Sergei Lavrov.
"Continua havendo diferenças entre a UE e a Rússia", disse o ministro espanhol, José Manuel García Margallo.
Moscou se opõe a qualquer ação militar contra o regime sírio e acusa o Ocidente de estimular os 19 meses de conflito nessa região, permitindo o fluxo de armas à oposição.
"É necessário chegar a uma situação negociada. Todos nós estamos de acordo de que o objetivo é acabar com as matanças na Síria, favorecer a ajuda humanitária aos desalojados dentro e fora do país e pôr em prática uma transição democrática que culmine em eleições", disse García-Margallo.
Com esta nova rodada de sanções, um total de 181 pessoas e 54 empresas na Síria estão na lista negra da UE.
Em pouco mais de um ano, a União Europeia aprovou 19 rodadas de sanções contra Damasco, que incluem um embargo às compras de petróleo sírio e outro às vendas de armas ao regime, para evitar que sejam usadas para a repressão.
O conflito armado, que começou como uma revolta pacífica, hostil ao presidente Bashar al-Assad, e que logo foi violentamente reprimida, é agravado pelo recrudescimento das tensões entre Síria e Turquia.
Em mais um episódio desta escalada na tensão entre os dois países, Damasco decidiu proibir os aviões da companhia aérea Turkish Airlines de entrar em seu espaço aéreo, em represália a uma medida semelhante tomada pelas autoridades turcas.
A guerra civil na Síria, considerada uma calamidade e um risco para a paz mundial, continua sem que a ONU encontre algum modo de contê-la, por causa do bloqueio de Rússia e China a qualquer resolução do Conselho de Segurança contra o governo sírio.
As cifras da destruição são assustadoras: cerca de 30.000 mortos e mais de 340.000 refugiados, segundo a ONU.