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Europa enfrenta desafio de se reinventar em meio à crise

Desde 2008, a crise atingiu ininterruptamente o continente

Parlamento Europeu: austeridade paira sobretudo na Grécia e na Irlanda (Sergio Galletti/Wikimedia Commons)

Parlamento Europeu: austeridade paira sobretudo na Grécia e na Irlanda (Sergio Galletti/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2010 às 14h45.

Bruxelas - A Eurozona sofreu no plano econômico um ano terrível, com os resgates de Grécia e Irlanda e os planos de austeridade que muitos países se viram forçados a adotar para sair de uma crise que obriga a União Europeia a se reinventar para sobreviver.

"Se o euro fracassa, a Europa fracassa", resumiu a chanceler alemã, Angela Merkel.

Desde 2008, a crise atingiu ininterruptamente o Velho Continente.

Primeiro foi bancária e financeira, importada dos Estados Unidos após a quebra do Lehman Brothers; depois econômica, com a maior recessão desde 1945; e neste ano orçamentária e social, com o aumento dos déficits públicos, que obrigam os países a apertar os cintos.

A austeridade paira sobretudo na Grécia e na Irlanda, com uma redução dos benefícios sociais, uma queda dos salários dos funcionários e uma alta dos impostos.

É o preço que devem pagar por recorrer neste ano a uma ajuda financeira da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI): 110 bilhões de euros em empréstimos aprovados em maio para Atenas e 85 bilhões de euros em novembro para Dublin.

A Europa, já atormentada por seu declínio frente as potências emergentes, agora se pergunta como chegou nesse ponto, pedindo ajuda do FMI.

Além das ajudas estatais aos bancos que pesam sobre as finanças públicas, os países europeus se encontram com o resultado do que foi um crescimento gradual de sua dívida desde os anos 1970 até o fim do período de ouro de forte crescimento.

Após 30 anos vivendo de crédito, acima de suas possibilidades, "os mercados apitaram o fim do recreio" para os europeus, explica um diplomata em Bruxelas.

A crise econômica e social também ameaça se tornar uma questão política.

"A Europa perde o controle, atravessada por movimentos populistas e nacionalistas", adverte Jacques Delors, ex-presidente da Comissão Europeia.

A extrema direita ganha espaço no continente, com um sucesso eleitoral na Suécia neste ano e um auge na Holanda e Hungria.

Nos bastidores, autoridades alemãs temem que os populistas aproveitem a crise do euro para obter votos entre uma população cada vez mais relutante em assumir a dívida dos países vizinhos.

Para evitar sua explosão, a Eurozona iniciou uma metamorfose convocada a acabar com as lacunas que possui desde o seu nascimento, em 1999, com reformas impensáveis até pouco tempo.

Por enquanto, ela pôs fim ao obstáculo alemão contra qualquer mecanismo de solidariedade financeira entre países. Um fundo de resgate de 440 bilhões de euros foi criado em maio para ajudar os países em apuros.

A disciplina orçamentária comum também se endurecerá. A partir de 2011, os países europeus devem apresentar à Bruxelas seus projetos de orçamentos nacionais antes da aprovação em seus respectivos parlamentos. As sanções contra os países negligentes também serão reforçadas.

Lentamente, um tipo de união orçamentária começa a tomar forma no coração do Velho Continente, mas muitos especialistas ainda são reticentes, advertindo que a Eurozona precisará de mais política econômica comum e mais integração para sair desta crise sem precedentes.

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