Angela Merkel: partido Alternativa para Alemanha, que se beneficiou com uma onda de hostilidade pública contra os resgates a países ao sul da zona do euro, pode fragmentar ainda mais a Câmara dos Deputados (Odd Andersen/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2013 às 12h39.
Berlim - Um novo partido eurocético está na iminência de entrar no Parlamento alemão pela primeira vez, mostrou uma pesquisa de opinião, o que coloca em dúvida a aposta da chanceler Angela Merkel em manter sua coalizão de centro-direita e complica a política para a zona do euro.
Merkel ainda parece pronta para garantir um terceiro mandato na eleição geral de domingo. Mas o partido Alternativa para Alemanha (AfD, na sigla em alemão), que se beneficiou com uma onda de hostilidade pública contra os resgates a países ao sul da zona do euro, pode fragmentar ainda mais a Câmara dos Deputados, forçando a chanceler a entrar em uma "ampla coalizão" direita-esquerda.
Um avanço do partido, que defende a expulsão de países mais fracos da moeda única, provocaria abalos por toda Europa e poderia assustar os mercados financeiros, mesmo que sua presença no parlamento seja pequena.
Uma pesquisa da Insa divulgada na quinta-feira atribui aos conservadores de Merkel 38 por cento e ao aliado partido liberal Democrata Livre 6 por cento, e coloca a centro-direita um ponto atras dos três partidos esquerdistas de oposição, que somam 45 por cento.
A pesquisa foi a primeira a mostrar o AfD, criado há apenas sete meses, atingindo os 5 por cento mínimos para conseguir assentos na Câmara dos Deputados do Bundestag. Seu melhor resultado em pesquisas anteriores foi de 4 por cento, mas os institutos de pesquisa dizem que o partido deve ter um apoio maior do que o declarado pelos pesquisados.
Caso a AfD se torne o primeiro partido a entrar no Bundestag desde 1990, Merkel teria que provavelmente negociar uma coalizão com o partido de oposição Social Democrata, pró-Europa, com quem governou entre 2005 e 2009.
O partido Democrata Cristão (CDU) tentou ignorar a AfD, mas abruptamente mudou sua abordagem na semana passada e escalou o respeitado ministro das Finanças Wolfgang Schauble para atacar os céticos, que querem a Grécia e outros países sob resgate deixem da zona do euro.