PDVSA: a investigação americana cobriu 730 contas bancárias, muitas delas na Suíça, e pelo menos uma no Panamá (Arquivo)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2015 às 13h57.
Washington - O governo dos Estados Unidos segue a pista de US$ 1 bilhão, vinculados a cinco altos comandantes da empresa estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) que teriam recebido subornos de dois empresários venezuelanos, mostram documentos judiciais aos quais a Agência Efe teve acesso nessa quarta-feira.
Em um escrito judicial de uma Corte do Texas, o governo americano afirma que, entre 2009 e 2014, os venezuelanos Roberto Rincón e Abraham José Shiera, detidos este mês nos EUA, pagaram US$ 1 bilhão a altos comandantes da empresa petrolífera estatal em troca de contratos.
O documento menciona cinco altos executivos da PDVSA, que não foram identificados pelo nome e que teriam recebido subornos em forma de dinheiro e presentes, entre restaurantes, viagens, uísque e até uma noite em um luxuoso hotel de Miami Beach, na Flórida.
Tanto Rincón como Shiera chamavam estes funcionários venezuelanos de "aliados" que, em troca dos subornos, autorizavam lucrativos contratos energéticos para suas companhias, muitas delas baseadas nos Estados Unidos, segundo a acusação.
Dos US$ 1 bilhão ligados a este esquema, US$ 750 milhões estão vinculados só a Rincón, que decidiu desembolsar US$ 2,5 milhões em subornos para um só alto diretor, aponta a ordem dada juíza texana Nancy K.Johnson para mantê-lo em prisão provisória.
A investigação americana cobriu 730 contas bancárias, muitas delas na Suíça, e pelo menos uma no Panamá, segundo os documentos.
Dessas contas bancárias, a justiça americana vincula 108 a Rincón, que tinha uma relação de "amizade" com Hugo Carvajal, ex-diretor da inteligência militar venezuelana, a quem os EUA reivindicam por crimes de narcotráfico ligados as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e que foi detido em 2014 na ilha de Aruba, território holandês.
Então, as autoridades holandesas puseram Carvajal, homem de confiança do presidente Hugo Chávez em liberdade, e ele voltou rapidamente à Venezuela, onde recebeu o apoio do governo de Nicolás Maduro, que qualificou o incidente de "sequestro".
"Rincón tem uma estreita relação com Hugo Carvajal, um general reformado que é requerido pela corte do Distrito Sul de Nova York por tráfico de drogas", afirmou a juíza Johnson.
Os dois venezuelanos, detidos em 16 de dezembro, enfrentam mais de uma dezena de acusações criminais cada, entre as que destacam várias violar a Lei contra Práticas Corruptas no Exterior (FCPA), destinada a combater o pagamento de companhias americanas de subornos a empresários ou funcionários públicos estrangeiros.