Presidente da Rússia, Vladimir Putin (Dmitri Lovetsky/Pool/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de junho de 2017 às 09h52.
São Petersburgo - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, denunciou nesta quinta-feira que os Estados Unidos utilizam a ameaça do programa nuclear da Coreia do Norte para o posicionamento do seu escudo antimísseis na região do Pacífico.
"Inclusive se a Coreia do Norte declarar amanhã que cancela todos os seus testes nucleares, o posicionamento do sistema de defesa antimísseis dos EUA continuará. Será com outro pretexto ou sem pretexto, como fazem na Europa", disse Putin em entrevista a presidentes de dez grandes agências de imprensa, entre elas a Agência Efe.
"O ambicioso programa americano, que pretende proteger o Ocidente de qualquer ataque em massa com mísseis nucleares, destrói o equilibro estratégico no mundo todo", advertiu o presidente russo, acusando seus interlocutores de silenciar "o perigo" que isto representa para a paz mundial.
"Todos vocês são pessoas adultas e com décadas de experiência no mundo da informação, mas se calam sobre isto. O mundo está em silêncio como se nada acontecesse. É óbvio que tudo isto leva a uma nova corrida armamentista. E nós devemos pensar em como neutralizar a ameaça", afirmou.
Putin lembrou que quando EUA e Otan planejaram posicionar na Europa o escudo antimísseis, fizeram com o argumento da ameaça nuclear representada pelo Irã.
"Agora foi assinado um acordo com o Irã e já não há nenhuma ameaça, assim confirma o Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA). Apesar disso, o posicionamento do sistema de defesa antimísseis continua a um ritmo rápido. E vocês continuam todos calados", reiterou Putin a sua crítica aos meios ocidentais.
Ao responder a uma pergunta da agência japonesa Kyodo sobre as ilhas Curilas, cuja soberania é reclamada pelo Japão, Putin destacou que o arquipélago "é um bom lugar para neutralizar a ameaça" do escudo antimísseis americano.
"Agora estão sendo instalados elementos do escudo antimísseis na Coreia do Sul. Devemos apenas observar? Não, estamos pensando em como responder a esse desafio", disse o presidente russo, justificando assim o aumento do potencial militar russo no extremo oriente do país e nas próprias Curilas.
"A Rússia está consciente de que os EUA poderiam colocar elementos dos seus sistemas de mísseis nessas ilhas se passarem para a soberania de Tóquio", acrescentou Putin.