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EUA se recusam a chamar Rússia de agressora em esboço de declaração do G7 sobre a guerra na Ucrânia

Objeções americanas vêm depois de Trump culpar a Ucrânia por iniciar a guerra

Donald Trump (Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

Donald Trump (Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 11h33.

Os Estados Unidos estão se opondo a chamar a Rússia de agressora em uma declaração do Grupo dos 7 sobre a guerra na Ucrânia, que está sendo elaborada para marcar o terceiro ano de invasão russa ao país do Leste Europeu, disseram quatro altos funcionários de países envolvidos na quinta-feira. As objeções americanas à declaração vêm depois que o presidente Donald Trump culpou a Ucrânia por iniciar a guerra em uma declaração no início da semana.

Um alto funcionário de um país do Grupo dos 7 disse que o Canadá havia distribuído o primeiro rascunho da declaração para os outros seis países membros. Essa versão, disse o funcionário, usava uma linguagem que mantinha o tom pró-Ucrânia que o grupo de aliados adotou após a invasão do país em fevereiro de 2022.

Autoridades dos EUA analisaram o primeiro rascunho esta semana e removeram todas as referências que pudessem ser interpretadas como pró-Ucrânia, disse um funcionário. O resultado foi um rascunho de declaração neutro, que não fazia referências à Rússia como agressora no conflito, nem à Ucrânia como vítima da invasão. Os funcionários falaram sob condição de anonimato, dada a sensibilidade das discussões.

O Canadá assumiu a liderança na redação do rascunho porque atualmente detém a Presidência do Grupo dos 7. Os diplomatas continuam trabalhando na linguagem, que atualmente descreve "uma guerra devastadora que começou com a invasão da Ucrânia pela Rússia", mas não usa as palavras "agressão russa" ou "agressores", que estão nas declarações da organização desde 2022, disseram autoridades alemãs e europeias de alto escalão.

A objeção dos EUA em rotular a Rússia como agressora foi relatada anteriormente pelo Financial Times.

Outro alto funcionário de uma nação do G7 acrescentou que a elaboração e a negociação do texto podem continuar até segunda-feira, quando deve ser publicado. Também ainda não está definido se os líderes, que se reunirão virtualmente na segunda-feira, convidarão o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para participar, como fez no ano passado.

As objeções americanas se seguem à troca de insultos entre Zelensky e Trump. O presidente dos EUA prometeu tentar acabar com a guerra rapidamente e autorizou enviados a manter conversas com a Rússia sem o envolvimento de Kiev ou nações europeias.

As autoridades enfatizaram que o rascunho do texto não estava concluído, mas também disseram que era importante chegar a uma declaração mutuamente acordada, o que nunca é fácil e sempre requer especial atenção ao vocabulário adotado.

O Canadá começou o processo de rascunho aderindo às expressões usadas em declarações anteriores sobre a guerra, que condenavam a Rússia com certa extensão. Mas autoridades do governo Trump indicaram que queriam algo diferente e mais curto do que a declaração emitida pelo ex-presidente Joe Biden, e buscaram garantir que não interferisse ou bloqueasse as negociações em andamento com a Rússia.

Os americanos também queriam cortar passagens que descreviam a invasão como uma violação da soberania, disse uma autoridade. Por enquanto, o rascunho inclui uma declaração de que fortes garantias de segurança e a integração da Ucrânia à União Europeia "serão cruciais para garantir uma paz duradoura que impeça futuras agressões". Mas as negociações continuam, então a linguagem final ainda será determinada.

Os ministros de relações exteriores do G7 devem se reunir em Quebec de 12 a 14 de março. Os líderes dos países devem se reunir em Alberta em meados de junho. A última vez que o Canadá presidiu o G7, durante o primeiro mandato de Trump, em 2018, o americano deixou uma reunião de cúpula em Quebec e retirou seu apoio ao comunicado conjunto final, irritado com sua linguagem sobre comércio.

 

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