Manifestantes durante um protesto pela manutenção da unidade ucraniana, em Donetsk (Mikhail Maslovsky/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2014 às 20h39.
Genebra/Moscou - Os Estados Unidos, a Rússia, a União Europeia e autoridades ucranianas se reuniram nesta quinta-feira e pediram a interrupção imediata da violência na Ucrânia, onde as potências ocidentais acreditam que a Rússia está fomentando um movimento separatista pró-Moscou.
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o encontro em Genebra entre a Rússia e as potências ocidentais foi promissor, mas que seu país e aliados estão preparados para impor mais sanções aos russos se a situação não melhorar.
O presidente russo, Vladimir Putin, falando em Moscou, acusou os líderes da Ucrânia de cometerem um "crime grave" por usar o Exército para tentar silenciar os tumultos no leste do país, e não descartou enviar tropas russas.
Putin espera não precisar tomar tal medida e disse que a diplomacia pode resolver o impasse, a pior crise nas relações entre Ocidente e Oriente desde a Guerra Fria.
Seus comentários foram feitos horas depois de separatistas atacarem uma base da Guarda Nacional ucraniana e Kiev dizer que três homens foram mortos no pior derramamento de sangue até o momento nos dez dias de rebelião pró-Rússia.
Diplomatas ucranianos, russos e ocidentais buscavam resolver a confrontação, na qual combatentes pró-Rússia tomaram edifícios oficiais em todo o leste da Ucrânia enquanto Moscou mobiliza dezenas de milhares de soldados na fronteira.
"Todos os lados devem se abster de qualquer tipo de violência, intimidação ou ações provocativas", afirmou um comunicado conjunto divulgado depois que os quatro chanceleres se reuniram em Genebra, na Suíça.
"Todos os grupos armados ilegais devem ser desarmados; todos os edifícios tomados ilegalmente devem ser devolvidos aos seus legítimos donos; ruas, praças e outros locais públicos ocupados ilegalmente nas cidades e vilas da Ucrânia devem ser desocupados", acrescentou.
Obama disse a repórteres na Casa Branca que "existe a possibilidade, a perspectiva, de que a diplomacia consiga atenuar a situação".
"A questão agora é, de fato, se eles (russos) vão usar a influência que exerceram de forma desestabilizadora para restaurar um pouco de ordem para que os ucranianos possam realizar uma eleição e avançar com as reformas de descentralização que propuseram", disse ele.
Não ficou claro se a Rússia irá acolher as exigências ocidentais para que pare de atiçar os tumultos no leste e retire suas tropas da fronteira ucraniana. Moscou nega estar ativo na Ucrânia.
"Será um teste para a Rússia, se a Rússia realmente quer se mostrar disposta a ter estabilidade nessas regiões", declarou o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andriy Deshchytsia.
O Departamento de Estado norte-americano afirmou que as conversas alcançaram mais do que algumas pessoas esperavam, mas um porta-voz acrescentou: "Apesar disso, não é um avanço até que seja implementado na região, e precisamos ver se os russos dão sequência às palavras com ações".
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que haverá sanções adicionais sobre a Rússia se esta não atuar para acalmar as tensões na Ucrânia.
"Se... não virmos um movimento na direção certa, haverá sanções adicionais, custos adicionais como consequência", afirmou Kerry a repórteres.
Os EUA e a União Europeia já impuseram uma proibição de vistos e o congelamento de bens a um pequeno número de russos, reação que Moscou desdenhou abertamente. Entretanto, os países ocidentais dizem estar agora cogitando medidas que podem prejudicar mais amplamente a economia russa.
Mas algumas nações da UE estão relutantes em impor sanções adicionais, temendo que isso possa provocar ainda mais a Rússia ou acabar atingindo suas próprias economias.
Kerry também aproveitou a oportunidade para criticar como "intoleráveis" as insinuações de que, na cidade de Donetsk, no leste ucraniano, judeus receberam ordens de se registrar com as autoridades.
Texto atualizado com mais informações às 20h37min do mesmo dia.