Bomba B-61: de acordo com um relatório criado pela NNSA em 2016, houve um investimento de aproximadamente US$ 9,5 bilhões (United States Department of Defense/ Wikimedia Commons/Creative Commons)
EFE
Publicado em 15 de outubro de 2018 às 08h58.
Washington - O Pentágono acaba de completar a remodelagem de suas bombas atômicas B61, ligadas à substituição de seu atual arsenal, que conta com artefatos com meio século de idade, com o objetivo de assegurar mais 20 anos de paz nuclear através de sua emblemática política de dissuasão.
"O Programa de Extensão da Vida Útil B61-12 servirá para restaurar, renovar e substituir todos os componentes nucleares e não nucleares da bomba para aumentar sua funcionalidade durante pelo menos 20 anos", anunciou recentemente a Administração Nacional de Segurança Nuclear (NNSA, na sigla em inglês) em comunicado.
O Pentágono garante desta maneira duas décadas mais de vigência de uma das três bases da chamada "Tríade Nuclear", ação com a qual os EUA pretendem dissuadir qualquer agressão ou ameaça, que seriam respondidas com um ataque atômico capaz de varrer do mapa qualquer nação inimiga.
A "tríade" faz referência aos três elementos de dissuasão que as Forças Armadas americanas possuem: os mísseis balísticos intercontinentais, os submarinos nucleares e os caças-bombardeiros estratégicos.
O Departamento de Defesa considera que os mísseis são a parte mais visível de sua estratégia, enquanto seus 14 submarinos desse tipo representam uma ameaça sigilosa.
No entanto, a flexibilidade é proporcionada pelos aviões estratégicos, principalmente os B-2 e os emblemáticos B-52, que serão os grandes beneficiados com as novas bombas atômicas.
O novo modelo de projétil tem 3,65 metros de comprimento, pesa cerca de 375 quilos e terá uma potência estimada de 50 quilotons.
Quanto a seu modo de uso, a B61-12 continuará sendo uma bomba gravitacional ou de queda teleguiada que, portanto, poderá continuar sendo usada pelos caças-bombardeiros nucleares B-2 e por outros aviões multisserviço da frota da Força Aérea.
Apesar de os B-52 ficarem de fora desta primeira fase se uso das armas, sua ausência será compensada pelo fato de que em um futuro as novas bombas poderão ser usadas pelos aviões F-35 e B-21, ainda em desenvolvimento.
Além de suas características físicas, as autoridades destacaram que uma das principais melhorias incluídas no novo modelo de bomba é que ela "esconde tecnologias de alto risco", ou seja, que estão menos expostas a ingerências por parte do inimigo, ao mesmo tempo em que os custos de produção foram reduzidos.
Esta nova arma é fruto de um longo trabalho de pesquisa que deu seus primeiros passos em julho de 2015, quando os primeiros testes foram feitos, e que oficialmente terminaram em setembro deste ano, quando se selou a aprovação final do novo projeto.
"O resultado é o testemunho da extraordinária dedicação e competência dos membros da comunidade de segurança nuclear que trabalharam em equipe para cumprir a missão", afirmou o diretor-adjunto da Administração para Aplicações Militares da NNSA, o general de brigada das Forças Aéreas Ronald Allen, ao informar sobre o novo modelo.
O Pentágono não escondeu, além disso, ter contado com apoio civil para o desenvolvimento de seu novo armamento.
O Laboratório Nacional de Los Álamos e os Laboratórios Nacionais de Sandia são os responsáveis por seus detonadores, assim como por alguns dispositivos eletrônicos criados especificamente para esta bomba.
Embora o Governo americano não tenha divulgado o custo final do Programa de Extensão da Vida Útil B61-12, um relatório criado pela NNSA em 2016 previa um investimento de aproximadamente US$ 9,5 bilhões.
Se os prazos estabelecidos forem cumpridos, o Departamento de Defesa receberá a primeira parte de suas novas bombas ao longo de 2020 e apenas cinco anos mais tarde terá conseguido substituir todo seu arsenal obsoleto. EFE