Kadafi na ONU (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de março de 2011 às 14h47.
Washington - O chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, o almirante Mike Mullen, reconheceu neste domingo que a operação aliada contra a Líbia, "Odisseia do Amanhecer", pode acabar sem que o líder líbio Muammar Kadafi deixe o poder.
"Esse é certamente, potencialmente, um possível resultado", disse neste domingo Mullen em declarações à rede de televisão "NBC".
"Com o tempo, claramente, o coronel Kadafi terá que tomar algumas decisões. Terá que fazer algumas escolhas sobre seu próprio futuro", acrescentou Mullen sem dar mais detalhes.
Apesar do incerto futuro de Kadafi, o responsável militar americano deixou claro que a fase inicial da operação aliada contra o país norte-africano reduziu as posições do regime líbio.
Mullen destacou, em diversas entrevistas televisivas, o sucesso das forças aliadas na hora de estabelecer a zona de exclusão aérea imposta pela resolução 1973 aprovada na quinta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU.
Acrescentou, além disso, que as tropas leais a Kadafi "já não estão marchando sobre Benghazi", depois que as forças aliadas estabeleceram patrulhas de combate aéreo sobre o bastião dos rebeldes.
O chefe do Estado-Maior Conjunto americano ressaltou que o objetivo agora será ampliar essas patrulhas de combate na direção de Trípoli e impedir, portanto, que as forças de Kadafi sigam atacando civis inocentes.
"Agora tentaremos cortar suas linhas logísticas", explicou o almirante, que disse que Kadafi tem suas forças bem desdobradas de Trípoli até Benghazi.
Explicou que ao ter destruído a maior parte das defesas antiaéreas de Kadafi, os aliados têm agora margem de manobra para atacar outras frentes, como o sistema de comunicações do regime.
Lembrou, em linha com o assinalado no sábado pelo Pentágono, que a operação deste sábado foi a primeira de várias fases de uma campanha "muito complexa".
Assegurou, em declarações à rede de televisão "CNN", que o que faria com que os Estados Unidos e seus aliados interrompessem seus ataques seria Kadafi retirar suas tropas, deixar de atacar sua população e não interferir "de modo algum" na entrega de ajuda humanitária necessária.
Aviões de combate franceses foram os primeiros a atacar a Líbia no sábado e se concentraram em destruir tanques e veículos blindados em Benghazi, no leste do país.
Horas depois, navios e submarinos britânicos e americanos lançaram mais de 110 mísseis do cruzeiro Tomahawk contra os sistemas de defesa antiaérea líbios e atingiram mais de 20 alvos.
O líder líbio comparou a operação com um ato terrorista e disse que a derrota do Ocidente é inevitável.
"Não deixaremos nossa terra e a libertaremos", declarou em discurso pela televisão estatal. "Permaneceremos vivos e vocês morrerão", acrescentou.