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EUA publicam documentos sobre ditadura na Argentina

Os documentos são os mesmos que o secretário de Estado americano, John Kerry, entregou na quinta-feira passada ao presidente da Argentina, Mauricio Macri


	Mauricio Macri: Os documentos são os mesmos que o secretário de Estado americano, John Kerry, entregou na quinta-feira passada ao presidente da argentino
 (Harold Cunningham/Getty Images)

Mauricio Macri: Os documentos são os mesmos que o secretário de Estado americano, John Kerry, entregou na quinta-feira passada ao presidente da argentino (Harold Cunningham/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2016 às 20h01.

Washington - O governo dos Estados Unidos publicou nesta segunda-feira 1.078 páginas de documentos oficiais e da inteligência americana até agora inéditos sobre a "guerra suja" da última ditadura argentina (1976-1983), uma primeira parte de um projeto que se prolongará até o final de 2017.

Os documentos são os mesmos que o secretário de Estado americano, John Kerry, entregou na quinta-feira passada ao presidente da Argentina, Mauricio Macri, durante uma visita a Buenos Aires.

Os arquivos estão publicados em três documentos no site e fazem parte de um esforço que pode lançar mais luz sobre até que ponto o governo americano conhecia e aprovava os abusos de direitos humanos cometidos na Argentina nesse período.

O Escritório do Diretor de Inteligência Nacional (ODNI) dos EUA, James Clapper, foi o encarregado de publicar o primeiro rodízio dos documentos, provenientes em sua maioria das bibliotecas presidenciais de Jimmy Carter (1977-1981), Ronald Reagan (1981-1989) e George H. W. Bush (1989-1993).

Durante sua visita em março à Argentina, o presidente americano, Barack Obama, anunciou que seu governo divulgaria mais documentos confidenciais sobre a ditadura argentina, por considerar que os Estados Unidos têm "a responsabilidade de enfrentar o passado com honestidade e transparência".

Esse esforço "envolve 14 agências e departamentos do governo americano", liderados pela ODNI e a Casa Branca, e está dividido em cinco linhas de trabalho, segundo informou o Departamento de Estado em comunicado.

Em primeiro lugar, o governo americano está buscando entre "centenas de volumes de arquivos federais com centenas de milhares de página para identificar documentos relevantes" relacionados com "os abusos de direitos humanos que aconteceram entre 1975 e 1984 na Argentina", para "sua revisão e potencial publicação".

A expectativa é que esse processo esteja completo "no final de 2017", segundo o Departamento de Estado.

Além disso, estão sendo publicados os arquivos sobre o tema procedentes das bibliotecas presidenciais de Gerald R. Ford (1974-1977), Carter, Reagan e Bush.

Em terceiro lugar, o governo publicará "partes do relatório diário" que os presidentes dos EUA recebiam sobre assuntos de segurança nacional, "considerados o produto mais importante de inteligência da CIA".

Esta é apenas a "terceira vez na história" que os Estados Unidos divulgam esse tipo de relatórios confidenciais, segundo a nota.

Em 2002, o Departamento de Estado divulgou cerca de 4.700 documentos até então secretos sobre a "guerra suja", mas então se guardou parte da informação considerada confidencial.

Agora, esses documentos estão sendo revisados novamente para publicar mais detalhes antes do final do ano, apontou o comunicado.

Por último, o escritório do Historiador do Departamento de Estado publicará no final de 2017 um volume sobre as relações entre os EUA e a América do Sul entre 1977 e 1981.

Os documentos narram episódios como a visita à Argentina de Henry Kissinger durante a Copa do Mundo de 1978 e como o então secretário de Estado americano mostrou sintonia com o ditador argentino Jorge Videla no referente à necessidade de conter o comunismo e o terrorismo.

Cerca de 30.000 pessoas desapareceram durante a "guerra suja" travada pelo regime militar argentino contra organizações armadas opositoras, partidos e sindicatos de esquerda, segundo estimativas de organismos de direitos humanos.

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