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EUA publicam as dez mentiras de Putin sobre a Ucrânia

O texto compara os argumentos do presidente russo com "a surpreendente ficção" do escritor russo Dostoievski


	O presidente Vladimir Putin: o órgão dos EUA nega, primeiro, as asseverações de Putin que as forças russas na Crimeia só atuam para proteger os ativos militares russos
 (Getty Images)

O presidente Vladimir Putin: o órgão dos EUA nega, primeiro, as asseverações de Putin que as forças russas na Crimeia só atuam para proteger os ativos militares russos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2014 às 22h39.

Washington - O Departamento de Estado americano publicou nesta quarta-feira um artigo no qual refuta as afirmações sobre a Ucrânia feitas pelo presidente russo, Vladimir Putin, um texto que rebate em dez pontos os argumentos do chefe do Kremlin, que compara com "a surpreendente ficção" do escritor Fyodor Dostoievski.

"Com a Rússia fazendo circular uma falsa narrativa para justificar suas ações ilegais na Ucrânia, o mundo não tinha visto uma ficção russa tão surpreendente desde Dostoievski", declarou o comunicado.

O Departamento de Estado nega, primeiro, as asseverações de Putin que as forças russas na Crimeia só atuam para proteger os ativos militares russos, enquanto são os grupos de cidadãos os que se rebelaram na península.

"Há provas convincentes que os membros dos serviços de segurança russos estão no coração das forças anti-ucranianas altamente organizadas na Crimeia. Embora estas unidades usem uniformes sem insígnias, conduzem veículos com placas militares russas e se identificam livremente como forças de segurança russas quando questionadas pelos meios de comunicação internacionais e as Forças Armadas de Ucrânia", explicou o governo americano.

Por outra parte, o Departamento de Estado nega categoricamente que as ações adotadas pela Rússia estejam contempladas no Tratado de Entendimento de 1997 entre Rússia e Ucrânia, como alega Putin.


"O Acordo de 1997 exige à Rússia respeitar a integridade territorial da Ucrânia. As ações militares da Rússia na Ucrânia, que lhes deram o controle operacional da Crimeia, violam claramente a integridade territorial e a soberania da Ucrânia", alegam os Estados Unidos.

Além disso, o governo americano nega que tenha sido a oposição a que não conseguiu pôr em prática o acordo alcançado com o deposto presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, no último dia 21 de fevereiro, mas foi este quem se negou a cumprir sua parte e fugiu posteriormente.

Por isso, insiste o Departamento de Estado, também não é certo que, como diz Putin, "o governo da Ucrânia é ilegítimo" nem que Yanukovich siga sendo seu líder legítimo.

"O novo Governo da Ucrânia foi aprovado pelo Parlamento ucraniano, eleito democraticamente, com 371 votos - mais que uma maioria de 82%. O governo interino da Ucrânia é um governo do povo, que será guia para o país rumo às eleições democráticas de 25 de maio", acrescentou a nota.

Em quinto lugar, os Estados Unidos rejeitam as afirmações do presidente russo sobre a existência de uma crise humanitária na Ucrânia que afetaria centenas de milhares de pessoas que fogem à Rússia na busca de asilo.


"Não há absolutamente nenhuma evidência de uma crise humanitária. Também não há evidência de um pedido em massa de asilo de pessoas que fogem da Ucrânia para a Rússia. As organizações internacionais no terreno averiguaram e conversaram com guardas fronteiriços ucranianos, que também refutaram estas afirmações", afirmou o comunicado.

Os Estados Unidos também negam que "os russos étnicos se encontrem sob ameaça", já que além dos reportes da imprensa governista russa, não há nenhuma informação que respalde esse dado.

O artigo faz referência também às bases militares russas, que segundo Putin "estão sob ameaça" e com cuja integridade, no entanto, se comprometeu o novo governo da Ucrânia.

A existência de "ataques em massa contra igrejas e sinagogas no sul e o leste da Ucrânia" é outra das justificativas do líder russo que a diplomacia americana rejeita, assim como o fato de que o novo governo interino esteja tentando desestabilizar a Crimeia.

Por último, Estados Unidos não aceitam que Putin acuse o Parlamento ucraniano de estar sob a influência de extremistas ou terroristas, e ressaltam que os "grupos ultranacionalistas de extrema direita, alguns dos quais tinham participado de abertos enfrentamentos com as forças de segurança durante os protestos, não estão representados" nela. 

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