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EUA podem ter maior número de votantes em um século. 4 milhões já votaram

Embora a eleição americana aconteça em 3 de novembro, em muitos estados ou pelo correio é possível votar com antecedência. O voto não é obrigatório nos EUA

Eleitores votando antecipadamente nesta semana, em Iowa: quase 4 milhões de pessoas já votaram nos EUA (Rachel Mummey/Bloomberg)

Eleitores votando antecipadamente nesta semana, em Iowa: quase 4 milhões de pessoas já votaram nos EUA (Rachel Mummey/Bloomberg)

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Carolina Riveira

Publicado em 6 de outubro de 2020 às 08h50.

Última atualização em 6 de outubro de 2020 às 09h00.

A data oficial da eleição nos Estados Unidos é só em 3 de novembro. Mas quase 4 milhões de eleitores já votaram, um recorde absoluto para esse período, segundo números preliminares obtidos pela agência Reuters.

O presidente americano, Donald Trump -- que teve alta do hospital ontem após ser internado com covid-19 --, disputa a eleição com o democrata Joe Biden. Os americanos também votam para eleger senadores neste pleito.

Nos Estados Unidos, as urnas abrem com dias e até semanas de antecedência em vários estados. Também votam antes os eleitores que estejam fora do país e os que, mesmo dentro de sua área, optem por votar pelo correio, modalidade que é autorizada no país.

Ao todo, mais de 3,8 milhões de americanos já votaram com antecedência, segundo os números do US Elections Project, que compila os dados da votação antecipada.

Nesse mesmo período em 2016, ano da última eleição, só 75.000 eleitores já tinham votado.

Os números mostram sobretudo o maior número de votantes pelo correio neste ano. A votação à distância vem sendo expandida nos estados diante do coronavírus, com eleitores tentando fugir de aglomerações.

Além disso, são um presságio do que deve ser uma das eleições com maior taxa de comparecimento dos últimos anos. O chefe da US Elections Project projeta um comparecimento de 150 milhões de pessoas neste ano, ou 65% dos eleitores, segundo disse à Reuters.

O voto nos EUA não é obrigatório. Todos os anos, candidatos fazem campanhas para que eleitores se registrem para votar e, depois, para que compareçam às urnas.

Se confirmadas as projeções, as eleições deste ano devem ter o maior número de votos desde 1908.

Neste ano, a campanha está pesada: ontem mesmo, o presidente Donald Trump, quando ainda estava internado no hospital por covid-19, fez uma avalanche de tuítes para tentar convencer os eleitores a votarem. Era o último dia de registro para votação em uma série de estados importantes.

Já o ex-presidente Barack Obama (presidente entre 2009 e 2016) e a esposa Michelle, como fazem nos anos eleitorais, celebraram aniversário de casamento pedindo a eleitores que ao menos se registrassem para votar, ainda que não no Partido Democrata.

O recorde de votantes pode levar a "confusão" nos EUA

O grande problema dessa alta de votos -- e da alta de votos pelo correio -- é que a eleição americana caminha para terminar em uma batalha judicial.

O presidente Trump e seus apoiadores vêm questionando a votação pelo correio e afirmando que será fraudada. Enquanto isso, a maior parte das pessoas que pretende votar desta forma votará em Biden. Assim, os votos decisivos na eleição podem ser questionados e o resultado pode ir parar na Suprema Corte.

Cédulas de votação na Califórnia que serão enviadas a eleitores: votos pelo correio são questionados por Trump (Mike Blake/Reuters)

Outro cenário que contribui para as acusações de fraude é que os votos pelos correios vão demorar mais a ser contabilizados. Ao contrário do que acontece no Brasil, quando os resultados são divulgados poucas horas depois do fim da eleição devido à velocidade da urna eletrônica, os votos nos EUA precisam ser contados manualmente.

E os votos pelo correio podem ainda demorar alguns dias a chegar, atrasando o resultado em estados decisivos.

Como a disputa está acirrada (há muitos estados em que Trump ganhou em 2016 e hoje os candidatos estão virtualmente empatados), esses poucos votos "atrasados" podem ser o suficiente para desempatar a eleição em algum estado. Nos EUA, vale lembrar, o modelo do colégio eleitoral leva em conta o resultado em cada estado para decidir a eleição, e não os votos nacionalmente.

A confusão deve ser tamanha que até mesmo o Facebook de Mark Zuckerberg, historicamente avesso a se envolver em debates sobre a eleição, disse que irá fazer campanhas para conscientizar os eleitores sobre o fato de que a demora nos resultados é natural.

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