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EUA pedem investigação por "crimes de guerra" em Aleppo

Os acusados são o governo sírio e seu aliado russo, que podem ter sido responsáveis por um novo bombardeio a um hospital


	Síria: John Kerry acusou Moscou e Damasco de "aterrorizarem" os civis e de bombardearem deliberadamente hospitais
 (Rami Zayat / Reuters)

Síria: John Kerry acusou Moscou e Damasco de "aterrorizarem" os civis e de bombardearem deliberadamente hospitais (Rami Zayat / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2016 às 17h42.

Os Estados Unidos reivindicaram nesta sexta-feira uma investigação por "crimes de guerra" contra o governo sírio e seu aliado russo, após um novo bombardeio a um hospital em Aleppo, onde o exército avança lentamente e a situação humanitária é catastrófica.

A Rússia ameaçou usar seu direito de veto para bloquear a proposta francesa de resolução na ONU para estabelecer um cessar-fogo em Aleppo e proibir o voo de aviões de guerra sobre a atormentada cidade síria.

"Não vejo de que maneira poderíamos deixar que esta resolução fosse aprovada", disse à imprensa o embaixador russo ante a ONU, Vitaly Churkin.

O secretário de Estado americano, John Kerry, acusou Moscou e Damasco de "aterrorizarem" os civis e de bombardearem deliberadamente hospitais em Aleppo, o que constitui - advertiu - "crimes de guerra".

"Quem comete estes atos devem ser e serão responsabilizados por suas ações", disse Kerry a jornalistas.

"Na noite de ontem, o governo voltou a atacar um hospital, 20 pessoas morreram e 100 ficaram feridas. A Rússia e o governo devem mais do que uma explicação ao mundo sobre as razões pelas quais não param de atacar hospitais, infraestruturas médicas, crianças e mulheres", afirmou Kerry durante uma coletiva de imprensa junto a seu contraparte francês, Jean-Marc Ayrault.

Avanço lento das tropas sírias

A Rússia, que apoia militarmente a ofensiva do governo de Damasco contra os insurgentes de Aleppo, pediu uma reunião de urgência para escutar o relatório do enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que expressou sua preocupação por uma possível destruição total dos bairros rebeldes até o fim do ano.

Apoiado pela aviação russa, o governo de Damasco lançou há duas semanas uma ofensiva de grande potência para recuperar os bairros rebeldes de Aleppo, cidade dividida desde 2012 em setores controlados pelos rebeldes (leste) e forças do governo (oeste), e hoje transformada na crucial frente de uma guerra que atinge a Síria desde 2011.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), as tropas governamentais tomaram nesta sexta-feira uma colina no bairro de Sheij Said, ao sul da cidade. Mas, paralelamente, os rebeldes recuperaram áreas que haviam perdido há alguns dias.

Segundo a televisão do Estado, quatro pessoas morreram por disparos de rojões de grupos insurgentes na parte governamental de Aleppo.

Proposta da ONU

De Mistura sugeriu uma ideia diplomática que Moscou prestou particular atenção: que os combatentes extremistas da Frente Fateh al-Sham (ex-Frente al-Nusra, facção síria da Al-Qaeda) abandonem o leste de Aleppo e que depois a Rússia declare os bombardeios suspensos.

Moscou, que mandou um navio de guerra rumo ao Mediterrâneo para reforçar sua operação militar na Síria, se mostrou disposto a falar com Damasco se os extremistas abandonarem o leste de Aleppo "com todas as suas armas" em direção à cidade de Idleb.

A Câmara Baixa do Parlamento russo aprovou um acordo com Damasco para que as forças aéreas russas estejam colocadas "de forma indefinida" no aeródromo militar de Hmeimem, oeste da Síria, um acerto firmado em agosto de 2015 e revelado recentemente por Moscou.

Em uma entrevista à emissora de televisão dinamarquesa TV2, o presidente Bashar al-Assad considerou na quinta-feira que "a melhor opção" para Aleppo era "a reconciliação", mas caso contrário, as forças pró-governo continuarão "combatendo os rebeldes até que abandonem Aleppo".

Assad negou que suas forças tenham atacado de forma deliberada infraestruturas de saúde ou dificultado a ajuda a civis em Aleppo.

A situação nesta cidade tem endurecido as relações entre Estados Unidos e Rússia, que suspenderam sua negociações para um cessar-fogo na Síria, onde a guerra já deixou mais de 300.000 mortos.

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