Acordo: EUA estão determinados a conseguir "um cessar-fogo que traga os reféns para casa", diz secretário de Estado dos EUA (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 1 de maio de 2024 às 18h06.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, pediu, nesta quarta-feira, 1°, ao Hamas que aceite uma nova proposta de trégua na Faixa de Gaza e reafirmou sua oposição a uma invasão israelense em Rafah, no sul do desvatado território palestino.
Blinken disse em Tel Aviv que os EUA estão determinados a conseguir "um cessar-fogo que traga os reféns para casa, e que os traga para casa agora", referindo-se às dezenas de reféns ainda mantidos pelo Hamas desde o início da guerra, em 7 de outubro.
A proposta de trégua, intermediada por Catar, Egito e EUA, é "extraordinariamente generosa da parte de Israel", disse o diplomata, em sua sétima visita a Israel desde o início do conflito.
Se o movimento islamista, no poder em Gaza, "realmente pretende se preocupar com o povo palestino e quer ver o alívio imediato de seu sofrimento, ele deve aceitar esse acordo", acrescentou.
A proposta inclui uma trégua de 40 dias e uma troca de reféns mantidos em Gaza por palestinos presos em Israel.
O Hamas dará sua resposta "em um período muito curto de tempo", disse à AFP Suhail al-Hindi, dirigente do movimento palestino, enfatizando que o cessar-fogo deve ser permanente.
Uma autoridade israelense disse que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu esperaria até a noite desta quarta-feira pela resposta do Hamas e então decidiria se enviaria uma delegação ao Egito com vistas a um possível acordo.
Blinken também reiterou a oposição dos EUA a uma operação terrestre israelense em Rafah, onde 1,5 milhão de palestinos, a maioria deles deslocados por conflitos em outras partes da Faixa de Gaza, estão sobrevivendo em condições terríveis.
"Há outras maneiras - e, em nosso julgamento, melhores maneiras - de lidar com o verdadeiro desafio do Hamas hoje que não exigem uma operação militar" em Rafah, disse Blinken após se reunir com Netanyahu em Jerusalém.
Horas antes de Blinken chegar a Israel, Netanyahu reafirmou sua intenção de invadir Rafah, antes ou depois de uma trégua, por considerar a localidade o último reduto do Hamas.
"Entraremos em Rafah e eliminaremos os batalhões do Hamas, com ou sem um acordo [de trégua], para alcançar a vitória total", disse ele.
Uma trégua de uma semana em novembro levou à troca de cerca de 100 reféns por 240 prisioneiros palestinos. Israel estima que 129 pessoas ainda estejam mantidas em cativeiro, das quais 34 foram mortas.
A ofensiva aérea e terrestre de retaliação de Israel contra o Hamas deixou, até o momento, 34.568 mortos, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
Pelo menos 33 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas no território palestino, de acordo com a mesma fonte.
Durante a madrugada, o Exército israelense bombardeou o norte e o centro de Gaza, incluindo o campo de refugiados de Nuseirat, onde várias testemunhas relataram confrontos entre combatentes palestinos e soldados israelenses.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou que, a partir de quinta-feira, seu país romperá relações diplomáticas com Israel e chamou Netanyahu de "genocida".
"Se a Palestina morrer, a humanidade morre", disse o líder de esquerda em meio a gritos de apoio em uma praça central de Bogotá.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, foi rápido em responder, dizendo que Petro "prometeu recompensar os assassinos e estupradores do Hamas e hoje ele cumpriu" a promessa.
Além do bombardeio, os palestinos em Gaza estão sofrendo com a escassez de alimentos, pois a ajuda externa, rigidamente controlada por Israel, chega aos poucos, principalmente do Egito.
Blinken visitou Kerem Shalom, uma das passagens fronteiriças entre Gaza e Israel, onde dezenas de caminhões aguardam permissão para entrar no território palestino.
Os EUA estão construindo um cais flutuante na costa de Gaza para receber cargas, que deve começar a operar na quinta-feira.
A guerra também causou imensa destruição no estreito território, onde agora há mais escombros e ruínas a serem removidos do que na Ucrânia, que enfrenta uma invasão russa há mais de dois anos, disse uma autoridade da ONU em Genebra.
Mungo Birch, chefe do serviço de desminagem da ONU em Gaza, explicou que a remoção de 37 milhões de toneladas de escombros, de acordo com uma estimativa da ONU feita em meados de abril, é mais perigosa e cara devido à presença de munições não detonadas e amianto.