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EUA pede a Israel revisão do plano para desapropriar terras

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar "muito preocupado" com a decisão israelense


	Cisjordânia: exército israelense disse que expropriará 400 hectares de terra palestina
 (Musa al-Shaer/AFP)

Cisjordânia: exército israelense disse que expropriará 400 hectares de terra palestina (Musa al-Shaer/AFP)

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Da Redação

Publicado em 1 de setembro de 2014 às 19h36.

Os Estados Unidos pediram a Israel nesta segunda-feira que reveja seu mais recente plano de desapropriar 400 hectares de terras palestinas na zona de Belém da ocupada Cisjordânia.

"Esse anúncio - como qualquer outro feito por Israel sobre assentamentos -, os planos que aprova e as autorizações de construção que emite são contraproducentes para o objetivo declarado de Israel de obter uma solução negociada de dois Estados com os palestinos", comentou um funcionário de alto escalão do Departamento de Estado americano.

"Pedimos ao governo de Israel que reveja essa decisão", acrescentou.

Na mesma linha, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse estar "muito preocupado" com a decisão israelense.

Segundo seu porta-voz, a colonização "é ilegal sob as leis internacionais" e dificulta uma possível solução de dois Estados para resolver o problema entre palestinos e israelenses.

O assessor de Ki-moon observou ainda que "tomar uma grande proporção de terra pode abrir caminho para a construção de mais assentamentos".

No domingo, o Exército israelense anunciou que expropriará 400 hectares do território palestino da Cisjordânia, no setor de Belém (sul).

"Seguindo as instruções do poder político (...) 400 hectares em Gevaot são declarados terras do Estado", declarou o Exército, acrescentando que as partes afetadas têm 45 dias para apelar.

De acordo com o Exército, a decisão foi tomada depois do assassinato de três jovens israelenses em junho passado nessa área.

A região é conhecida pelos israelenses como o assentamento de Gush Etzion.

O plano indignou palestinos e preocupou os pacifistas israelenses.

Trata-se de uma decisão sem precedentes desde os anos 1980 por sua envergadura - reagiu alarmada a organização A Paz Agora, contrária à colonização nos territórios ocupados.

A Paz Agora considera o anúncio como "a prova de que o primeiro-ministro (Benjamin) Netanyahu continua levantando obstáculos ao projeto de dois Estados (israelense e palestino) e promovendo uma solução que consiste em apenas um Estado".

A medida também foi fortemente criticada por França e Egito. Ambos mediaram as negociações entre as partes em conflito, na tentativa de chegar a um cessar-fogo, na semana passada.

Paris "condena" e "convoca as autoridades israelenses a reverter sua decisão", declarou o porta-voz do Quai d'Orsay, Romain Nadal.

"Não é uma decisão positiva. Contraria as leis internacionais e terá um impacto negativo nos processos de paz", afirmou o Ministério egípcio das Relações Exteriores.

A política de expansão dos assentamentos em terras palestinas também é considerada ilegal pela União Europeia, e um "obstáculo para a paz", por Washington.

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