Partidários de Assad manifestam-se em frente à Casa Branca: "pagarão o preço se não forem prudentes", alertou Assad (Jewel Samad/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2013 às 13h08.
Londres - O presidente sírio, Bashar al-Assad, advertiu nesta segunda-feira que os Estados Unidos "pagarão o preço" no caso de um ataque contra seu país, no momento em que o Congresso americano discute o uso da força contra a Síria.
"Preparem-se para tudo", declarou Assad em uma entrevista exibida pelo canal CBS no programa "This Morning".
"Pagarão o preço se não forem prudentes", alertou quanto a um possível ataque à Síria.
"É uma área onde tudo está a ponto de explodir. Preparem-se para tudo", disse o presidente sírio.
"O governo (sírio) não é o único personagem da região. Há diferentes partes, diferentes facções, diferentes ideologias".
Segundo a CBS esta é a primeira entrevista concedida por Assad desde que o presidente americano Barack Obama pediu ao Congresso a aprovação do uso de forças militares para punir o regime sírio pela suposta utilização de armas químicas em 21 de agosto perto de Damasco.
Assad negou que o ataque tenha sido executado por suas forças.
"Como podem falar do que aconteceu se não têm provas?", questionou na entrevista concedida em inglês.
"Não somos como a administração americana (...), somos um governo que trabalha com provas", disse.
"Na área onde eles dizem que o governo usou armas químicas, só temos vídeos, fotos e acusações. Não estivemos lá. Nossas forças, nossa polícia, nossas instituições não pensam nisto", insistiu Assad, em referência às denúncias americanas.
"Não tenho como adivinhar, não posso dizer o que vai acontecer", completou sem descartar o uso de armas químicas "caso os rebeldes, ou terroristas na região, ou qualquer outro grupo, as tenham".
Ele acrescentou que um ataque americano levaria a "uma guerra que vai acabar por ajudar a Al Qaeda e pessoas que mataram americanos em 11 de setembro", no atentado contra o World Trade Center.
Segundo a CBS esta é a primeira entrevista concedida por Assad desde que o presidente americano Barack Obama pediu ao Congresso a aprovação do uso de forças militares para punir o regime sírio pela suposta utilização de armas químicas em 21 de agosto perto de Damasco.
Assad nega que o ataque tenha sido executado por suas forças.
Em Londres, o secretário americano de Estado, John Kerry, declarou durante uma coletiva de imprensa que a solução para o conflito na Síria é política e diplomática, não militar.
Apesar da opinião, Kerry defendeu uma resposta ao regime de Assad, considerando que "o risco de não agir é maior que o de agir".
O secretário americano indicou ainda que o líder sírio poderia evitar um ataque americano entregando suas armas químicas em uma semana, mas que não o fará.
Seu porta-voz acrescentou logo em seguida que esta conclusão puramente "retórica" não constitui uma oferta de negociação à Damasco.
Quase 60% dos americanos são contrários a uma intervenção militar na Síria, apesar da maioria acreditar que o regime de Bashar al-Assad é o responsável pelos ataques com armas químicas contra seu povo, segundo uma nova pesquisa divulgada nesta segunda-feira.
A pesquisa CNN/ORC International, que entrevistou 1.022 pessoas e tem margem de erro de 3%, mostra que 59% dos americanos não esperam que o Congresso autorize o recurso da força na Síria, mesmo limitada.
Mais de 70% dos americanos acreditam que os ataques não serviriam aos interesses americanos. Mesmo com a autorização do Congresso, 55% permaneceriam contrários a uma operação contra alvos militares sírios.
Segundo uma pesquisa do jornal USA Today, até agora apenas 44 dos 533 integrantes da Câmara de Representantes se declaram a favor de uma intervenção, enquanto 149 manifestaram a intenção de votar contra a medida.
Em Moscou, o chanceler russo Serguei Lavrov alertou para o risco de um ataque ocidental contra Damasco desencadear uma "explosão do terrorismo" na região, além de uma nova onda de refugiados.
Ele também considerou que "a possibilidade de uma solução política segue de pé".
"Estamos efetivamente dispostos a participar em um encontro em Genebra sem condições prévias", disse o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Mualem, em referência ao projeto de uma nova conferência internacional de paz proposto em maio por Rússia e Estados Unidos, mas que não foi concretizado por causa das tensões entre os dois países.
Mualem, no entanto, disse que a posição mudaria em caso de ataque.
O mundo mantém os olhos no Congresso dos Estados Unidos, onde a votação sobre o uso da força parece cada vez mais incerta.
Consciente de que o que está em jogo é a credibilidade dos Estados Unidos e a sua própria presidência, Barack Obama lançou uma ofensiva para convencer os republicanos e democratas.
Ele deve gravar nada menos que seis entrevistas com canais de TV para transmissão a partir desta segunda-feira à noite, antes de pronunciar na terça-feira um discurso na Casa Branca
No Senado, o debate sobre a resolução que autoriza o uso da força, já aprovada em comissão, começará formalmente terça-feira. A primeira votação importante poderá acontecer já na quarta.
Atualmente, a resolução sobre os ataques prevê um prazo de 60 dias, prorrogável por até 90 dias, bem como a proibição do envio de tropas de combate no chão.
Em Paris, o presidente francês François Hollande - pronto a apoiar uma intervenção militar - prometeu anunciar sua posição, mas após a votação do Congresso e a divulgação "do relatório de inspetores" da ONU que investigaram o suposto ataque químico em 21 de agosto nos arredores de Damasco.
Para a maioria dos Estados da União Europeia, este relatório esperado para próximos dias é um passo essencial, que pode confirmar de forma independente as alegações de uso de gás venenoso. No entanto, o relatório não deve determinar quem está por trás desses ataques.
De acordo com a imprensa americana, o Pentágono se prepara para ataques por três dias, com o uso intenso de mísseis de cruzeiro.
Israel posicionou por sua vez seu escudo antimísseis neste fim de semana perto de Jerusalém.
*Matéria atualizada às 13h08