Mundo

EUA não querem que a Rússia se isole por ações na Ucrânia

O governo americano assegurou que não busca confronto com a Rússia devido a crise ucraniana

John Kerry: "não temos a intenção nem o desejo de ver a Rússia se isolar por suas próprias ações" (Alastair Grant/Pool/Reuters)

John Kerry: "não temos a intenção nem o desejo de ver a Rússia se isolar por suas próprias ações" (Alastair Grant/Pool/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2014 às 18h15.

Basileia - Washington assegurou nesta quinta-feira que não está buscando confronto com a Rússia na crise ucraniana, no momento em que Vladimir Putin voltou a acusar os ocidentais de inventar pretextos para enfraquecer seu país.

"Não temos a intenção nem o desejo de ver a Rússia se isolar por suas próprias ações", declarou o secretário de Estado americano, John Kerry, aos membros da OSCE reunidos em Basileia, enquanto o presidente Putin falava em Moscou a seus parlamentares, líderes governamentais e religiosos reunidos no Kremlin.

"Os Estados Unidos e os países que apoiam a soberania e os direitos da Ucrânia não buscam o confronto", garantiu Kerry, que manteve conversações com seu colega russo Sergei Lavrov.

"Na verdade, acreditamos que Moscou poderia restaurar a confiança e as boas relações simplesmente ajudando a acalmar a situação", insistiu durante a conferência anual da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), reunida durante dois dias.

Neste contexto, Kiev acusa os rebeldes pró-russos de violar uma nova trégua, enquanto Putin morde e assopra.

"As sanções (contra a Rússia) não são mais do que uma reação nervosa dos Estados Unidos ou de seus aliados", lançou.

Segundo ele, mesmo sem a anexação da península da Crimeia, em março, e sem o conflito no leste separatista pró-russo da Ucrânia, as potências ocidentais "teriam inventado outra coisa para conter as oportunidades crescentes da Rússia".

Putin advertiu que "esta maneira de proceder não é de ontem. Isso faz décadas, séculos".

70 ataques em 24 horas

"A Rússia tem mostrado que pode defender os seus compatriotas", disse ele em uma clara alusão aos habitantes da Crimeia, anexada pela Rússia em março, mas especialmente do leste da Ucrânia, palco de combates desde abril entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos apoiados por Moscou.

Apesar da situação, a Rússia não tem intenção alguma de romper as relações com a Europa e com os Estados Unidos, garantiu Putin.

A conferência da OSCE é realizada dois dias após os rebeldes e as autoridades ucranianas alcançarem um acordo sobre uma trégua nos dos pontos mais quentes do conflito: na região de Lugansk e no aeroporto de Donetsk, palcos de combates mortais há vários meses.

No entanto, desde quarta-feira Kiev acusa os rebeldes de violar o cessar-fogo.

As posições ucranianas foram atacadas mais de 70 vezes em 24 horas, informou nesta quinta-feira o serviço de imprensa militar ucraniano.

Os ataques aconteceram em várias regiões de Donetsk e Lugansk, incluindo o aeroporto, o epicentro de violentos combates há meses.

E de acordo com jornalistas da AFP em Donetsk, vários bombardeios, inclusive com lançadores múltiplos de foguetes Grad, foram ouvidos durante toda a noite nesta cidade.

"Não é uma crise ucraniana, não é uma crise da OSCE, é uma agressão russa", declarou por sua vez o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Pavlo Klimkine.

Os combates na Ucrânia deixaram mais de 4.300 mortos, segundo a ONU, em sete meses de conflito.

Dúvidas de Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não acredita, por sua vez, em uma mudança na posição de Vladimir Putin enquanto as sanções não tiveram um impacto real na Rússia.

"Se você me perguntar se estou otimista de que Putin mudará subitamente de mentalidade, eu não acredito que isso vai acontecer enquanto o que acontece economicamente não tiver um impacto político no interior Rússia", explicou.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, teme por sua vez os riscos de uma escalada no conflito.

"Este é o mais grave conflito que temos em anos, com o perigo de uma nova divisão da Europa. Nós não estamos tão longe quanto gostaríamos que fosse para acalmar esta crise", disse em coletiva de imprensa na Basileia.

"O perigo de uma nova escalada de violência ainda está presente", alertou.

"Nós não vamos conseguir nada sem um compromisso sincero e construtivo da Rússia", disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que também se reuniu com Lavrov, em Basileia.

"Temos de enviar um sinal político forte diante da crise ucraniana", ressaltou em sua chegada a Basileia.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaCrise políticaEstados Unidos (EUA)EuropaPaíses ricosRússiaUcrâniaViolência política

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde