Basileia - Washington assegurou nesta quinta-feira que não está buscando confronto com a Rússia na crise ucraniana, no momento em que Vladimir Putin voltou a acusar os ocidentais de inventar pretextos para enfraquecer seu país.
"Não temos a intenção nem o desejo de ver a Rússia se isolar por suas próprias ações", declarou o secretário de Estado americano, John Kerry, aos membros da OSCE reunidos em Basileia, enquanto o presidente Putin falava em Moscou a seus parlamentares, líderes governamentais e religiosos reunidos no Kremlin.
"Os Estados Unidos e os países que apoiam a soberania e os direitos da Ucrânia não buscam o confronto", garantiu Kerry, que manteve conversações com seu colega russo Sergei Lavrov.
"Na verdade, acreditamos que Moscou poderia restaurar a confiança e as boas relações simplesmente ajudando a acalmar a situação", insistiu durante a conferência anual da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), reunida durante dois dias.
Neste contexto, Kiev acusa os rebeldes pró-russos de violar uma nova trégua, enquanto Putin morde e assopra.
"As sanções (contra a Rússia) não são mais do que uma reação nervosa dos Estados Unidos ou de seus aliados", lançou.
Segundo ele, mesmo sem a anexação da península da Crimeia, em março, e sem o conflito no leste separatista pró-russo da Ucrânia, as potências ocidentais "teriam inventado outra coisa para conter as oportunidades crescentes da Rússia".
Putin advertiu que "esta maneira de proceder não é de ontem. Isso faz décadas, séculos".
70 ataques em 24 horas
"A Rússia tem mostrado que pode defender os seus compatriotas", disse ele em uma clara alusão aos habitantes da Crimeia, anexada pela Rússia em março, mas especialmente do leste da Ucrânia, palco de combates desde abril entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-russos apoiados por Moscou.
Apesar da situação, a Rússia não tem intenção alguma de romper as relações com a Europa e com os Estados Unidos, garantiu Putin.
A conferência da OSCE é realizada dois dias após os rebeldes e as autoridades ucranianas alcançarem um acordo sobre uma trégua nos dos pontos mais quentes do conflito: na região de Lugansk e no aeroporto de Donetsk, palcos de combates mortais há vários meses.
No entanto, desde quarta-feira Kiev acusa os rebeldes de violar o cessar-fogo.
As posições ucranianas foram atacadas mais de 70 vezes em 24 horas, informou nesta quinta-feira o serviço de imprensa militar ucraniano.
Os ataques aconteceram em várias regiões de Donetsk e Lugansk, incluindo o aeroporto, o epicentro de violentos combates há meses.
E de acordo com jornalistas da AFP em Donetsk, vários bombardeios, inclusive com lançadores múltiplos de foguetes Grad, foram ouvidos durante toda a noite nesta cidade.
"Não é uma crise ucraniana, não é uma crise da OSCE, é uma agressão russa", declarou por sua vez o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Pavlo Klimkine.
Os combates na Ucrânia deixaram mais de 4.300 mortos, segundo a ONU, em sete meses de conflito.
Dúvidas de Obama
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não acredita, por sua vez, em uma mudança na posição de Vladimir Putin enquanto as sanções não tiveram um impacto real na Rússia.
"Se você me perguntar se estou otimista de que Putin mudará subitamente de mentalidade, eu não acredito que isso vai acontecer enquanto o que acontece economicamente não tiver um impacto político no interior Rússia", explicou.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, teme por sua vez os riscos de uma escalada no conflito.
"Este é o mais grave conflito que temos em anos, com o perigo de uma nova divisão da Europa. Nós não estamos tão longe quanto gostaríamos que fosse para acalmar esta crise", disse em coletiva de imprensa na Basileia.
"O perigo de uma nova escalada de violência ainda está presente", alertou.
"Nós não vamos conseguir nada sem um compromisso sincero e construtivo da Rússia", disse a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que também se reuniu com Lavrov, em Basileia.
"Temos de enviar um sinal político forte diante da crise ucraniana", ressaltou em sua chegada a Basileia.
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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10/13 (gett)
Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)