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Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2012 às 17h17.
Cabul - Os Estados Unidos querem continuar a prender indivíduos na controversa prisão de Bagram, mesmo depois de terem transferido o controle do local para os afegãos e apesar da oposição de Cabul, afirma um relatório divulgado nesta quinta-feira.
Washington concordou no dia 9 de março em transferir dentro de seis meses aos afegãos a responsabilidade sobre a prisão de Bagram, chamada de "Guantánamo do Afeganistão", e onde estão presas cerca de 4.000 pessoas, incluindo algumas acusadas de terrorismo. Cabul espera concluir a transferência na próxima segunda, 10 de setembro.
Mas "os Estados Unidos parecem querer manter o poder de detenção no Afeganistão após setembro de 2012, uma posição rejeitada por todos os oficiais afegãos consultados", que veem nesta atitude um obstáculo à soberania nacional, ressalta um relatório da Fundação Open Society, do bilionário americano George Soros.
O destino de mais de 600 prisioneiros que chegaram a Bagram a partir de 9 de março é incerto, porque o acordo envolve apenas os 3.100 prisioneiros detidos até a época. Entre eles estão 50 não afegãos que correm o risco de ficarem detidos indefinidamente sem razão clara, como em Guantánamo, acrescenta o texto.
O risco de que presos de grande importância sejam libertados por Cabul por razões políticas ou corrupção pode explicar a relutância dos militares americanos em transferir o conjunto da população carcerária de Bagram.
Parece "provável que os Estados Unidos vão continuar a controlar uma parte da instalação penitenciária", após a transferência para as autoridades afegãs, de acordo com o relatório.
Situada ao lado da enorme base dos Estados Unidos em Bagram, a 60 km ao norte de Cabul, a prisão se tornou um símbolo da ocupação americana para muitos afegãos.
Ela é regularmente criticada por Cabul, em nome da soberania nacional, e pelas organizações de defesa dos direitos humanos, que denunciam inclusive detenções abusivas.
Bagram também deu o que falar em fevereiro, quando soldados americanos queimaram cópias do Alcorão, um ato classificado como blasfêmia que desencadeou uma onda de protestos violentos no país.