Coalizão de países deseja (Mahmoud Zayyat/AFP)
Redator na Exame
Publicado em 26 de setembro de 2024 às 07h14.
Última atualização em 26 de setembro de 2024 às 07h15.
Uma coalizão formada pelos Estados Unidos, países europeus e potências árabes apresentou uma proposta de cessar-fogo de três semanas entre Israel e o Hezbollah no Líbano. O objetivo é criar um espaço para negociações e evitar que os recentes bombardeios israelenses se intensifiquem em uma guerra de grande escala na região. As informações são da Bloomberg.
A proposta foi divulgada após dias de intensos ataques aéreos por parte de Israel, que miraram alvos do Hezbollah no sul do Líbano. O grupo libanês, apoiado pelo Irã, tem trocado fogo com as forças israelenses desde o início de outubro, e o conflito ameaça se expandir, com riscos de uma invasão terrestre. O cessar-fogo tem o objetivo de evitar a escalada do confronto e permitir o retorno de civis deslocados para suas casas.
A proposta de trégua foi recebida com cautela pelos envolvidos no conflito. Representantes da administração de Joe Biden afirmaram que esperam que os governos de Israel e Líbano aceitem o acordo nas próximas horas. A trégua temporária também poderia abrir caminho para negociações mais amplas, com foco na crise entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. Contudo, até o momento, não houve resposta do Hezbollah sobre a aceitação do acordo.
O plano de trégua busca evitar uma escalada que poderia levar a uma intervenção maior do Irã, aliado do Hezbollah, e a uma possível invasão terrestre por parte de Israel no Líbano. Desde o início dos ataques aéreos israelenses na segunda-feira, 23, mais de 600 pessoas, incluindo crianças, foram mortas, de acordo com autoridades libanesas. A ofensiva israelense é a maior na região desde a guerra de 2006.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente francês, Emmanuel Macron, emitiram um comunicado afirmando que a proposta de cessar-fogo é uma oportunidade para permitir que a diplomacia tenha sucesso e evitar um conflito maior. O texto destacou a necessidade de evitar danos adicionais a civis, ressaltando a importância de uma solução negociada.
A situação no Líbano é particularmente sensível devido à possibilidade de envolvimento direto do Irã no conflito. Autoridades israelenses alertaram para os riscos de uma invasão terrestre, o que poderia levar Teerã a intervir de forma mais agressiva em defesa de seu aliado, o Hezbollah. Por enquanto, as ações militares israelenses têm se limitado a ataques aéreos e bombardeios, mas a possibilidade de uma incursão terrestre continua sendo discutida.
Diplomatas europeus e árabes têm se mobilizado para encontrar uma solução antes que a situação se deteriore ainda mais. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, passou os últimos dias em conversas com parceiros europeus e árabes sobre os termos da trégua. O Reino Unido também entrou nas negociações, com o chanceler britânico pedindo ao Irã que use sua influência sobre o Hezbollah para evitar uma escalada do conflito.
Enquanto isso, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve chegar a Nova York para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas. Ele e seus conselheiros estão envolvidos nas negociações para tentar encontrar uma solução diplomática para o confronto crescente com o Hezbollah.
Embora a proposta de cessar-fogo seja vista como um passo positivo para evitar um conflito maior, diplomatas expressaram ceticismo quanto à durabilidade do acordo. Mesmo que um acordo temporário seja alcançado, muitos acreditam que a trégua pode ser apenas uma solução de curto prazo, sem garantir um desfecho político duradouro para a crise.